A carteira de crédito do Sistema Financeiro Nacional (SFN) deve crescer 0,6% em junho na comparação com maio, de acordo com a Pesquisa Especial de Crédito da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). O desempenho deve ser impulsionado pelo crédito às empresas, com alta de 1%.
A carteira de recursos livres para empresas deve ter o maior crescimento, de 1,2%, enquanto a direcionada deve crescer 0,5%. A entidade afirma que além da sazonalidade positiva de linhas de crédito ligadas ao fluxo de caixa das companhias, a carteira deve mostrar uma normalização após o baque dos eventos Americanas e Light, no primeiro trimestre.
As operações para pessoas físicas devem crescer 0,3% no mês, com queda de 0,2% em relação a maio no crédito livre, e alta de 0,9% no direcionado. Este último deve ser puxado pelo crédito imobiliário, enquanto a inadimplência e o alto endividamento das famílias devem pesar sobre a carteira livre.
Em relação a junho do ano passado, a alta do saldo da carteira de crédito deve ser de 9,3%, uma desaceleração em relação aos 10,4% registrados em maio.
Segundo a Febraban, será a primeira vez em 35 meses que o crescimento do crédito no País será de um dígito na comparação anual. O período inclui a pandemia da covid-19, em que programas emergenciais impulsionaram o crédito às empresas, e o retorno da economia após a vacinação, que elevou a concessão de crédito para o consumo.
“Essa trajetória de recuo gradual do ritmo de expansão do saldo em 12 meses está em linha com a nossa expectativa”, afirma o diretor de Economia, Regulação e Riscos da Febraban, Rubens Sardenberg. “No caso de pessoa física, esgotados os efeitos da recuperação após a pandemia, os números estão se ajustando ao nível dos juros e ao menor crescimento da economia.”
Concessões
Em junho, as concessões de crédito devem aumentar 4,3% em relação a maio, ainda de acordo com a pesquisa, levando a variação acumulada em 12 meses para 8,8%. As pessoas jurídicas também devem ser o destaque, com alta de 7,4% nas concessões de crédito em relação ao mês anterior. Entre as pessoas físicas, a alta deve ser de 1,4%.
A Febraban estima que as operações para empresas devem ter impulso de programas públicos de crédito, como o FGI-Peac, enquanto as operações para pessoas físicas devem arrefecer diante do esgotamento do Plano Safra 2022/2023, e do cenário de juros mais altos.
A pesquisa da Febraban é realizada mensalmente como uma prévia da nota de crédito do Banco Central.
Com informações de Estadão Conteúdo (Matheus Piovesana)
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