Deflação de junho tem impacto maior na baixa renda, diz FecomercioSP

A inflação nos serviços é vista como pontual, por ter sido puxada por passagens aéreas e gastos no domicílio

E-commerce

A deflação do mês passado aliviou mais o orçamento das famílias de baixa renda, conforme mostra uma análise feita pela FecomercioSP, entidade que representa os setores de comércio e serviços, das variações do custo de vida por classe social na Grande São Paulo.

Enquanto os preços dos produtos consumidos pela classe E tiveram, na média, queda de 0,23%, a deflação na Classe A foi de 0,15%. Isso aconteceu porque a deflação foi puxada pelos itens que têm maior peso nos gastos das famílias de baixa renda, em especial alimentos e bebidas. Já os preços dos serviços, como aluguel, condomínio e passagens aéreas – que são, em geral, despesas de famílias de renda mais alta – subiram em junho.

Quando consideradas todas as classes sociais, o custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo recuou 0,09% em junho, conforme índice elaborado pela FecomercioSP com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 12 meses até junho, o custo de vida na Grande São Paulo mostra alta de 3,26%, com a inflação da classe E, de 2,33%, também subindo menos do que nas classes B e A, de 3,89% e 4,49%, respectivamente.

Conforme o levantamento, houve no mês passado queda média de 0,79% nos preços do varejo. Na direção oposta, com o impacto da alta das passagens aéreas, os preços dos serviços na região subiram 0,63%, impedindo uma deflação maior.

Só no grupo de alimentos e bebidas, os preços caíram, em média, 0,33%, dando a maior contribuição ao desempenho geral, com destaque para as quedas de óleos e gorduras (-6,16%), frutas (-2,73%) e carnes (-1,18%), em decorrência do aumento da produção e da safra recorde deste ano.

A correção nos medicamentos, após meses de grande aumento nos preços, também contribuiu para aliviar o bolso das famílias de renda mais baixa. No grupo de saúde, a deflação em junho foi de 0,47%, incluindo uma queda de 3% nos preços de anti-inflamatórios. No acumulado em 12 meses, porém, os produtos desse grupo ainda mostram inflação de 9,97%, a mais alta entre as nove categorias analisadas.

Já entre as maiores altas do mês passado, o grupo habitação registrou inflação de 0,59% em junho, com pressões vindas do aumento no condomínio (2,9%), no aluguel residencial (1,3%) e na taxa de água e esgoto (3,2%). Os descontos patrocinados pelo governo nos automóveis levaram a uma redução de 2,5% no preço dos carros novos vendidos nas concessionárias da Grande São Paulo. Em paralelo, os preços da gasolina e do etanol recuaram 0,8% e 5,2%, respectivamente. As passagens aéreas, porém, subiram 11,3%, limitando a 0,08% a deflação no grupo de transportes em junho.

A assessoria econômica da FecomercioSP não vê pressões inflacionárias no médio e longo prazo, dada a regularidade climática, o aumento da produção agropecuária interna e a redução nas cotações das commodities. Com a ajuda do mercado de trabalho aquecido, a inflação mais controlada tende a aumentar o poder de compra, além de contribuir à redução da inadimplência, favorecendo assim o crédito e, por extensão, as vendas no comércio, avalia a entidade.

A inflação nos serviços é vista pela FecomercioSP como pontual, por ter sido puxada essencialmente por passagens aéreas e gastos no domicílio. “Portanto, com inflação baixa, mais emprego e corte de juros, está se criando um cenário muito favorável para a aceleração do crescimento econômico e melhores condições econômicas para as famílias da região”, comenta a entidade em seu boletim mensal de preços.

Com informações de Estadão Conteúdo (Eduardo Laguna)
Imagem: Shutterstock

Sair da versão mobile