Os avanços tecnológicos têm impulsionado uma revolução no mundo corporativo, exigindo novas habilidades dos profissionais. O treinamento para o digital se tornou indispensável para acompanhar essas transformações e garantir a competitividade das empresas. No entanto, apesar da importância do tema, muitas pessoas enfrentam dificuldades para se engajar em conteúdos mais extensos.
A adoção de tecnologia e o aumento do acesso a ferramentas digitais aceleraram processos e passam a exigir das empresas que cuidem do onboarding dos colaboradores para uma melhor aderência e uso das ferramentas.
As áreas de gente e gestão têm um papel fundamental em fazer um diagnóstico abrangente das competências atuais e criar trilhas de capacitação, baseadas em reskilling (requalificação) e upskilling (qualificação).
Existe uma incoerência abissal no Brasil entre o discurso e a prática, quando se trata de transformação digital. As empresas, nem todas, mas grande parte delas, especialmente nas verticais de varejo e consumo, acha digitalizar é aportar tecnologia. Ledo engano. Está mais do que comprovado que inserir novas ferramentas e não treinar o time acaba em desânimo por parte do colaborador e em caos tecnológico nos processos da empresa.
Para se ter uma ideia do que estamos falando, no Brasil se dedicam 28 horas por ano com treinamento para transformação digital, contra 70 horas por ano nas empresas norte-americanas.
No contexto brasileiro, é necessário investir mais na requalificação da mão de obra, com foco não apenas na tecnologia, mas também em competências como pensamento criativo, resiliência, flexibilidade, agilidade e pensamento analítico. A nova realidade do mundo corporativo exige profissionais capazes de se adaptar às mudanças constantes, pensar de forma estratégica e criativa, além de lidar com desafios e pressões. Essas competências, conhecidas como soft skills, são fundamentais para impulsionar a produtividade e inovação nas empresas.
Portanto, é preciso investir em treinamentos que vão além da capacitação técnica, incorporando também o desenvolvimento dessas habilidades. A requalificação da mão de obra é um investimento estratégico para as empresas, garantindo sua competitividade e sucesso em um ambiente de negócios cada vez mais digitalizado. É um ciclo constante de qualificação e requalificação, pois os ciclos de habilidades exigidas se encurtou.
A diversidade é outro ponto positivo, mas não tratamos a diversidade como mais um tema romântico, mas sim olhar para a prática e os benefícios que podem trazer. Misturar jovens recém-formados e cheios de ideias com alguém de 20 anos de empresa na mesma equipe pode causar certa confusão no início, gerar conflitos culturais, mas é o caminho para a organização aliar experiência com inovação.
Nem todos precisam saber programação, inteligência artificial ou machine learning, mas, para quem é do negócio, é necessário saber como utilizar dados, criar estratégias em cima deles e monetizar. O negócio continua sendo negócio. O desafio está em transformar, treinar constantemente e entender que o poder está cada vez mais nas mãos dos profissionais de gente e gestão das empresas.
Fabio Aloi é sócio-diretor da Friedman.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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