GM divide produção de SUV com a Argentina para aliviar fila no Brasil

Neste mês, começaram a chegar ao Brasil as primeiras unidades do Tracker argentino,

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Para dar conta da demanda interna e das exportações, evitando assim demora nas entregas, a General Motors passou a fabricar o utilitário-esportivo (SUV) Tracker também em sua fábrica na Argentina. O motivo, segundo a empresa, é complementar a produção da planta de São Caetano do Sul, no ABC paulista.

Neste mês, começaram a chegar ao Brasil as primeiras unidades do Tracker argentino, modelo que custa a partir de R$ 118,5 mil. A GM não revela se há fila de espera para carros da marca, mas confirma que a cadeia global de suprimentos ainda tem demonstrado imprevisibilidade no fornecimento de componentes, com impactos pontuais na indústria automotiva mundial.

Segundo a GM, “isto tem provocado desabastecimento temporário de alguns modelos ou configurações específicas no mercado”. A empresa também informa estar trabalhando ativamente com seus fornecedores para mitigar potenciais paralisações na produção e para buscar alternativas no intuito de otimizar o prazo de entrega dos produtos aos clientes.

Segundo revendedores, a Honda, que paralisou a linha de produção da fábrica de Itirapina (SP) entre os dias 3 e 14 deste mês, por falta de semicondutores, está com dificuldades de atender a demanda pelo novo utilitário-esportivo HR-V, lançado em julho. O modelo, com preços a partir de R$ 142,5 mil, tem fila de mais de três meses.

Em setembro a Honda já havia interrompido operações em Itirapina por uma semana.

No caso da Hyundai, há espera de dois a três meses para modelos top de linha, como o sedã HB20 Platinum Plus (R$ 125,3 mil) e o SUV Creta N Line (R$ 159,5 mil), de menor volume de produção. Na Toyota, a maior espera, de sete meses, é para o SW4 nas versões Diamond (R$ 424,3 mil) e GR-S (R$ 433,6 mil) apenas na cor branco pérola. A picape Hilux, na mesma cor, tem fila de dois meses.

Os dois veículos são produzidos na Argentina. Para demais cores há pronta entrega ou espera de apenas 15 dias – mesmo prazo válido para os sedãs Yaris e Corolla e o SUV Corolla Cross, feitos no Brasil.

Nissan, Caoa Chery, BMW e Land Rover informam que estão com as entregas em dia ou com atrasos pontuais.

ESTOQUES

O consultor Cássio Pagliarini, da Bright Consulting, ressalta que o setor automotivo iniciou outubro com 176,3 mil veículos em estoque nas fábricas e nas revendas, número que ele considera suficiente para atender grande parte da demanda.

“Pode estar faltando algumas versões específicas, mas acredito que a indústria não está mais limitada pela oferta, mas pela demanda, em razão de preços e juros altos, mas ainda assim as vendas no varejo estão bem”, diz Pagliarini.
De janeiro a setembro, foram vendidos 1,5 milhão de veículos, dos quais 105 mil são caminhões e ônibus e os demais automóveis e comerciais leves.

Para atingir a projeção da Anfavea para o ano, de vendas totais de 2,14 milhões de unidades, será necessário comercializar 637 mil veículos nesses últimos três meses, entre vendas no varejo e diretas (para locadoras, frotistas etc).

A meta é possível de ser atingida, avalia o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos (Anfavea), Márcio de Lima Leite. Se confirmado, o volume será apenas 1% maior que o de 2021, e 23% inferior ao de 2019, antes da pandemia, quando atingiu 2,78 milhões de veículos. Para ele, o juro alto ainda não tem impacto forte no mercado por causa da demanda reprimida.

Pagliarini lembra, contudo, que em 2021 o preço médio dos automóveis subiu 17 pontos porcentuais acima da inflação. Neste ano a alta está 4 pontos acima da inflação oficial.

FILA DE ESPERA

A escassez de componentes, em especial de semicondutores, já não é tão problemática como no início do ano, mas segue causando descompasso entre produção e demanda na indústria automobilística brasileira. Mesmo em um mercado afetado por alta de preços, juros elevados e restrição dos bancos na concessão de financiamento, há filas de espera de seis meses ou mais para alguns modelos ou versões de carros.

A falta envolve tipos variados de automóveis e comerciais leves, mas, segundo lojistas, afeta principalmente as versões de entrada, que são as mais baratas de cada modelo. Como não há chips para todos, várias montadoras preferem priorizar a produção de modelos mais sofisticadas, que dão maior retorno na venda.

“Tem demanda reprimida”, afirma o presidente Anfavea. Segundo ele, para alguns modelos de maior volume de vendas há fila de seis meses. “Mas há casos de espera de até nove meses”, afirma.

Com informações de Estadão Conteúdo: (Cleide Silva)

Imagem: Shutterstock

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