Por Marcos Hirai*
De 2010 para cá, o varejo brasileiro apresentou um crescimento acumulado de 32,5% (ante o PIB, que cresceu 16,10% no mesmo período). Foram anos fortemente beneficiados pelo aumento do poder de compra dos brasileiros e do aumento da classe média (a renda per capita cresceu 35%). Todos os segmentos do varejo cresceram fortemente nestes anos: o número de shopping centers cresceu 30% (112 novos empreendimentos inaugurados); supermercados (crescimento de 40,5% em número de lojas); franquias (39.276 novas unidades abertas); e e-Commerce (triplicou em faturamento).
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O varejo se movimentou e muitos investimentos ocorreram no setor – criação de novos formatos de varejo e novas marcas, ingresso de redes internacionais, fusões e aquisições, reformas e ampliações de lojas, modernização e automação enfim, o varejo brasileiro cresceu e ganhou escala, sendo que podemos afirmar que muitas redes brasileiras hoje não ficam nada a dever em comparação com as de países desenvolvidos. Tornou-se também o maior empregador do Brasil e se tornou, enfim, protagonista da economia brasileira, deixando de ser um setor coadjuvante.
Mas pela primeira vez vemos sinais de reversão da tendência. O aumento do desemprego e da inflação faz com que as famílias brasileiras percam o poder de compra e, principalmente, gera expectativas negativas, contaminando confiança e a propensão ao consumo.
De acordo com a Confederação Nacional do Comércio, 150 mil lojas já pararam de funcionar neste ano. Esse número já se constitui por si só histórico, afinal, nunca tantas lojas fecharam num período tão curto de tempo. Um segmento fortemente afetado pela conjuntura atual é a de eletroeletrônicos. Praticamente todas as grandes redes estão se ajustando, seja fechando lojas, seja diminuindo as áreas de vendas. A Via Varejo por exemplo, dona das marcas Casas Bahia e Ponto Frio, já demitiram 11 mil pessoas e fechou 31 lojas neste ano. Outro setor que teve queda acentuada é o de automóveis, onde 691 concessionárias já fecharam as portas, reflexos da queda de 20% nas vendas.
Caminhando por muitas ruas comerciais e alguns shopping centers Brasil afora, começam a se tornar visíveis os efeitos da crise – a profusão de tapumes, placas de aluguel e lojas provisórias são notórias.
Mas existem varejistas que também enxergam oportunidades de crescerem justamente neste momento adverso, aproveitando a maior oferta de áreas e imóveis, e uma maior flexibilidade nas negociações com os proprietários e administradores de shoppings.
Redes como as Óticas Carol, Renner, a estreia da Natura no varejo, Daiso e Forever 21 são algumas que mantêm seu ritmo de crescimento e obviamente usufruem de uma oferta maior de pontos comerciais e com custos de ocupação menores.
É, portanto, um bom momento para expandir sua rede e conquistar novos mercados, aproveitando as diversas oportunidades atuais no mercado imobiliário, sustentadas por uma visão de investimentos no mercado brasileiro de médio e longo prazo. Pense nisto.
*Marcos Hirai (marcos.hirai@bgeh.com.br) é sócio-diretor da BG&H Retail Real Estate