Mind the Gap

O Brasil tem pressa. E tem um compromisso com o futuro em nome das novas gerações.

Um balanço realista das duas últimas décadas mostra que evoluímos em alguns temas importantes, mas “involuímos” em muitos outros, especialmente no que diz respeito a aspectos sociais, políticos, tributários, na modernização do Estado e da gestão pública.

Mesmo com avanços importantes tendo sido implementados, em temas estruturais, sociais, econômicos e tecnológicos, é inegável que a distância que nos separa das economias mais maduras e desenvolvidas ampliou-se nessas últimas duas décadas. Somos uma das dez maiores economias do mundo, mas com performance deplorável em muitos aspectos críticos, especialmente na área social.

Mind the Gap, talvez seja o chamado do momento.

A distância entre o que somos, o que podemos e devemos ser com o que acontece em outras economias deve ser o emulador de um outro comportamento e, acima de tudo, uma outra atitude, especialmente do setor empresarial.

Necessário repensar tudo que tem acontecido pois, em boa parte, o que hoje temos, e o gap que se ampliou, se deve ao equívoco de nossas próprias opções e escolhas e pelo distanciamento empresarial dos grandes temas nacionais.

Este setor concentrou esforços em crescer, desenvolver, gerar empregos e renda. Que é como entendia seu papel na sociedade. E delegou a estratégia e os grandes temas nacionais para outras esferas do setor público.

Devemos reconhecer que foi um erro.

Que já começou a ser sanado, considerando a renovação precipitada nas últimas eleições e o surgimento dos governantes-empresários ou, se preferirem, empresários-governantes.

Aqueles que abrem mão do conforto do gozo das conquistas empresariais para oferecerem uma contribuição de outra magnitude para o país.

Em nosso evento este ano nos concentramos na percepção da ampliação do gap mas, ao mesmo tempo, buscamos mostrar e debater as estratégias que permitem que o setor de comércio e varejo, de forma ampla, possa contribuir ainda mais para a transformação estrutural do país.

Compartilhamos estratégias vencedoras e melhores práticas, nos inspiramos com líderes que inspiram outros líderes e, principalmente, nos sensibilizamos para a missão indelegável de ampliarmos nosso papel na transformação do Brasil e, para isso,  trouxemos também a discussão dos grandes temas nacionais, em especial os mais emergenciais, para não dizer fundamentais, como a reforma do Estado e da Previdência.

Imaginamos que saímos todos mais sensibilizados com relação ao gaps que temos obrigação de tentar reduzir mas também mais comprometidos com o presente e o futuro, em boa parte inspirados por aqueles que se comprometeram com a viabilização dessas soluções para o Brasil.

Como todos os anteriores, esperamos que este 7º Fórum LIDE do Varejo tenha sido marcante para todos os participantes pela inspiração compartilhada, pela sensibilização sobre as oportunidades existentes, pelos desafios a serem superados mas, acima de tudo, pela consciência solidária sobre nosso papel decisivo em todo o processo transformador.

Feliz ou infelizmente, na realidade atual, cada dia fica mais claro que só se construirá o país que queremos com a decisiva participação do setor empresarial conciliando sua visão estratégica global e sua permanente vocação para gerar, renda, emprego, resultados e crescimento, com decisivo e direto envolvimento nos grandes temas nacionais.

E que este seja um chamamento a um maior e consciente engajamento.

Temos que estar mais seguros sobre nossas vocações e inúmeras virtudes, mas também sobre os inegáveis gaps internos e externos, entender a dimensão, amplitude e velocidade das mudanças e, acima de tudo, que também cabe a nós transformar essa realidade.

* Imagem reprodução

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