Não foi só o consumidor que mudou, colaboradores e líderes também mudaram e, portanto, os modelos de gestão também precisarão ser repensados.
Durante os sete dias de intenso conteúdo do Global Retail Show onde tivemos a honra de ter 276 palestrantes em 173 horas de programação pudemos explorar e debater sobre o presente e futuro do consumo e do varejo, também no evento através da Mosaiclab – empresa parte do ecossistema Gouvêa – apresentamos o resultado de uma ambiciosa pesquisa sobre o Consumidor do Amanhã com mais de cinco mil entrevistados em 17 países mapeando a ampla e profunda mudança no comportamento dos consumidores globalmente.
A pesquisa nos mostrou que o abrupto cenário em que todos nós fomos forçados a nos adaptarmos deixará profundas marcas no comportamento das pessoas e como elas veem e encaram o mundo.
Se pudermos fazer uma analogia, quando passamos por experiências marcantes – positivas ou negativas – mudamos o nosso comportamento, nossas prioridades, nossa visão de mundo, objetivos e até mesmo de personalidade, ao sofrer um grave acidente, ao perder um familiar próximo, ao se tornar pai/mãe/avó/avô, em estágios marcantes da vida como esses nós evoluímos e nos tornamos diferentes.
A pandemia definitivamente é um desses momentos marcantes na vida de 7,8 bilhões de pessoas no mundo, que de maneira nunca antes vista na nossa história estão sincronizadas nessa mudança de comportamento criando assim um novo consciente coletivo, portanto, se as pessoas mudaram, nossas empresas simplesmente não poderão seguir o mesmo modus operandi de antes.
O COLABORADOR DO AMANHÃ
Apesar do foco da pesquisa ser o consumidor do amanhã, gostaria nesse artigo de explorar o colaborador do amanhã.
A pesquisa apontou uma série de mudanças estruturais no comportamento das pessoas, em resumo, a pandemia foi vetor para reflexões e aprendizados, redefinindo paradigmas e modelos mentais propiciando um novo olhar e uma nova priorização de objetivos, sairemos desse período ainda mais atentos com saúde e bem estar, mais conectados, mais propensos a aprender novas habilidades, daremos ainda mais valor para o nosso trabalho, mas também daremos atenção ainda maior para a busca do propósito e da felicidade, aumentando a prioridade para a família, liberdade, flexibilidade, hobbies e lazer.
O estudo que mencionei acima mostra que 71% dos entrevistados no Brasil acredita que terá maior uso de home office e trabalho à distância nos próximos 5 a 10 anos e 54% acredita que haverá maior presença de trabalhadores autônomos, freelancers e horários flexíveis no mesmo período.
No Global Retail Show tivemos os(as) principais executivos(as) dividindo conosco suas visões, posso dizer que a maioria esmagadora adotará novos modelos de trabalho e gestão mesmo após a pandemia, implementando modelos de trabalho flexíveis, trabalho remoto e home office, maior uso de tecnologia e uma vertiginosa aceleração e simplificação do processo de tomada de decisão e de inovação.
Nem tudo são flores, tais mudanças também trazem consigo novos desafios como a maior dificuldade em estabelecer e cultivar a cultura da empresa, menor engajamento e senso de pertencimento, maior dificuldade de comunicação com e entre os time, desafios na gestão de pessoas, queda na produtividade (e dificuldade em medi-la), bem como gerenciar o aumento da pressão e do stress impulsionados ainda mais pelas incertezas do período.
NOVOS MODELOS DE GESTÃO
A unanimidade entre os(as) executivos(as) que estiveram conosco no Global Retail Show foi que não há certezas ou fórmulas prontas nesse momento, mas posso afirmar que todos estão testando alternativas, estão atentos e sensibilizados com a adoção de novos modelos de trabalho, bem como na implementação de novos métodos de gestão.
Será necessário um novo modelo de gestão ou no mínimo uma adaptação dos modelos atuais, veremos com frequência cada vez maior a adoção de métodos que já são bastante conhecidos e divulgados, porém sabemos que poucas empresas realmente os implantam e perenizam em sua cultura. Acredito que a necessidade por uma gestão mais eficiente trará uma profusão na adoção de técnicas e métodos de gestão ágil como Scrum/Kanban, aliado a um intenso processo de feedback e desenvolvimento, atrelado a um intenso alinhamento de metas coletivas e individuais através de métodos como OKR.
Talvez uma alternativa para visualizarmos esse futuro seja nos inspirarmos em empresas que já atuam nesse modelo – via de regra as gigantes de tecnologia – e que por pura necessidade foram as desenvolvedoras desses novos métodos de gestão.
EM RESUMO
Acredito que os colaboradores e as relações de trabalho já mudaram e que será necessária uma importante adaptação por parte das empresas e dos seus líderes. É claro que esses novos modelos de gestão não serão adotados por todas as empresas e nem que todas as pessoas gostarão e se adaptarão, mas acredito sim que essa será a nova linha de base e que será sim amplamente adotado pelas empresas líderes e relevantes, bem como se tornará um pré-requisito para atrair os melhores talentos.
NOTA: Com a missão de analisar, desenvolver, inovar e agregar valor a marcas e negócios de forma visionária, estratégica e efetiva, a Mosaiclab se une a Gouvêa, um inovador ecossistema de negócios, para fortalecer o setor de inteligência de mercado e pesquisas. Essa fusão irá enriquecer as pesquisas já realizadas pela unidade de inteligência do grupo e contará com um time completo e preparado para realizar pesquisas de alta complexidade a partir de conhecimento em múltiplas áreas, capacidade de treinamento e geração de conteúdo. Tendências e crescimento; novos drivers de consumo; jornada e experiência; força competitiva; além de inovação e transformação estão entre os pilares que conduzem a Mosaiclab.
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