Grandes varejistas dos EUA fazem parceria com fintechs para financiar compras

Estratégia tem sido usada por Walmart e a Ikea para conquistar a lealdade dos clientes

Embora muitos varejistas dos Estados Unidos já ofereçam cartões de crédito há muito tempo, um número crescente está fornecendo uma gama mais ampla de serviços financeiros, muitas vezes por meio de parcerias com empresas de tecnologia financeira, as fintechs. Entre os serviços oferecidos, estão contas correntes gratuitas e financiamentos no modelo “compre agora, pague depois” – esse, antigo conhecido do consumidor brasileiro.

O objetivo é “construir fidelidade quando os clientes estão comprando em qualquer lugar”, afirma diz a CEO da WSL Strategic Retail, Wendy Liebmann, ao Blog NRF.

Em janeiro de 2021, o Walmart anunciou uma parceria com a empresa de investimentos Ribbit Capital. O empreendimento, disse o Walmart, uniria o conhecimento de varejo e a escala do Walmart com a experiência em fintech da Ribbit e proporcionaria experiências financeiras voltadas para a tecnologia para clientes e funcionários da rede americana.

Em junho, o Grupo Ingka, franqueado da Ikea com operações em todo o mundo, recebeu a aprovação para se tornar sócio-proprietário do Banco Ikano. O acordo deve permitir que o Ikano ofereça serviços financeiros aos compradores da Ikea em vários mercados. “Os consumidores hoje esperam serviços bancários flexíveis e simples, independentemente de estarem comprando em lojas ou online”, diz a gerente de Negócios de Varejo em Serviços Financeiros do Grupo Ingka, Leyre Azcona Munarriz.

Esses são apenas os movimentos mais recentes; a A T-Mobile mantém, desde 2019, uma parceria com o BankMobile, uma divisão do Customers Bank, para oferecer a seus clientes uma conta corrente gratuita com o uso do celular.

Grandes varejistas dos EUA fazem parceria com fintechs para financiar compras
Em janeiro de 2021, o Walmart anunciou uma parceria com a empresa de investimentos Ribbit Capital

Impulsionando o engajamento 

Por trás dessas mudanças, está um grande número de varejistas que estão “pensando em construir relacionamentos muito mais integrados com seus clientes”, diz Wendy. O objetivo deles ao fornecer uma gama mais ampla de benefícios, muitas vezes incluindo serviços financeiros e de saúde, é “manter os compradores mais engajados e conectados”, diz ela – um movimento essencial à medida que muitos produtos se tornam “comoditizados” .

Além disso, a confiança em muitas grandes instituições financeiras está diminuindo. Os consumidores podem decidir que confiam mais no supermercado que visitam toda semana do que em uma instituição financeira global sem rosto, segundo ela, então os varejistas devem mostrar que são confiáveis. Para começar, isso significa ser transparente.

Eles também devem fornecer serviços relevantes. Junto com as opções de pagamento que podem ajudar os consumidores a gerenciar os gastos das férias, os varejistas podem oferecer ferramentas de economia para compras de volta às aulas, por exemplo.

O Grupo Ingka “deseja criar uma oferta de financiamento que atenda às necessidades de muitos e torne acessíveis os sonhos de decoração”, diz Leyre. Além disso, os consumidores de hoje esperam serviços bancários simples e flexíveis, fazendo compras online ou em lojas. Conforme a Ingka transforma seu negócio de varejo, ela diz que fintech é uma área priorizada.

Ao mesmo tempo, o setor de fintech – que combina expertise em serviços financeiros, desenvolvimento de software e operações de rede – busca maior acesso aos clientes, afirma David Ball, presidente da consultora de varejo The Grayson Company. “Varejistas digitais e firmas de fintech estão desenvolvendo ecossistemas cada vez mais interligados”, afirma.

Em junho, o Grupo Ingka, franqueado da Ikea, recebeu a aprovação para se tornar sócio-proprietário do Banco Ikano

Compre agora, pague depois

A maioria dessas parcerias é nova o suficiente para que seja muito cedo para avaliar até que ponto estão construindo credibilidade e lealdade, diz Wendy Liebmann. Uma exceção pode ser a crescente variedade de opções de pagamento, especialmente no modelo “compre agora, pague depois”. A Grandview Research relata que esse mercado deve crescer mais de 22% ao ano entre 2021 e 2028 nos Estados Unidos, com 52% dos clientes com idades entre 18 e 24 anos tendo usado o modelo nos últimos 12 meses, de acordo com uma pesquisa do Mercator Advisory Group.

Esse é um sinal de que a fusão de finanças, tecnologia e varejo provavelmente continuará. Por exemplo, “a Ikea Retail deseja oferecer serviços financeiros como parte de seu futuro ecossistema de clientes”, diz Leyre.

A natureza digital e a facilidade de uso das opções “compre agora, pague depois” impulsionam seu apelo, diz Hemal Nagarsheth, parceiro associado na prática de serviços financeiros da consultora global Kearney. O modelo é compatível com dispositivos móveis, não requer papel ou aplicativos de telefone e oferece decisões de crédito em tempo real e modelos de pagamento simples. Além disso, mesmo consumidores sem histórico de crédito ou com histórico limitado podem acessar os recursos.

Os mais jovens, muitos dos quais viram seus pais lutarem durante a recessão de 2008 a 2009, são mais céticos em relação aos produtos de crédito, diz Silvija Martincevic, diretora comercial da Affirm, fornecedora de produtos financeiros que incluem soluções “compre agora, pague depois”.

Os varejistas também podem se beneficiar: Silvija diz que o modelo é uma “tecnologia de pagamento que atua como um impulsionador do crescimento do negócio”. Os comerciantes do Shopify que usaram o Shop Pay Installments, um sistema da Affirm, tiveram um volume médio de pedidos cerca de 50% maior do que aqueles que ofereciam outras opções de pagamento.

Imagens: Shutterstock e Divulgação

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