A proposta da Abras (Associação Brasileira de Supermercados) para que os supermercados possam vender medicamentos sem prescrição médica gerou duras críticas por parte da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) e do acionista da RD Saúde, Eugenio De Zagottis.
A polêmica teve início após o governo federal considerar atender ao pedido da Abras, que cita um estudo feito pela Nielsen, mostrando que, durante o período em que os supermercados foram autorizados a vender remédios que não precisam de receita médica, os preços foram reduzidos em cerca de 35%
A entidade apresentou uma série de propostas, no final de 2024, com o objetivo de estimular a economia, reduzir o custo de vida das famílias e promover o emprego e a segurança alimentar.
De imediato, a Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) se posicionou contra a proposta, alegando que a medida provocaria desequilíbrio ao setor, além de riscos ao consumidor.
“Nas 93 mil farmácias brasileiras, que atendem 99% das cidades do País, geramos 2 milhões de empregos diretos. Aprovar a venda desses medicamentos em supermercados é provocar o desequilíbrio de um setor que funciona bem e é respeitado mundialmente”, afirma a Abrafarma.
No Linkedin, Eugenio De Zagottis, acionista da RD Saúde, dona das redes Raia e Drogasil, usou um vídeo do médico Drauzio Varella alertando sobre os riscos da venda de medicamentos sem controle e a orientação de um farmacêutico.
“Vale esclarecer que os supermercados que desejam já podem comercializar medicamentos, inclusive de prescrição, em suas farmácias próprias, que possuem farmacêuticos e atendem a legislação. Porém, várias redes de supermercados vêm fechando suas farmácias porque não conseguem ser competitivas, sobretudo em preços. Portanto, o argumento de que os supermercados contribuiriam para abaixar a inflação é falacioso e ilusório”, diz De Zagottis.
Resposta imediata
Em nota, João Galassi, presidente da Abras, respondeu as criíticas: A nota da Abrafarma causa estranheza, especialmente pelo tom agressivo em relação ao mercado, considerando que hoje a maioria das farmácias comercializa de tudo, inclusive remédios. Esquece a Abrafarma que as farmácias vendem remédios online e fazem entrega a domicílio. Por que as farmácias podem vender remédios sem receita via online e os supermercados não podem vender remédios sem receita de forma presencial?”, diz.
Outras propostas
Além da venda de remédios sem prescrição em supermercados, a Abras propôs a reestruturação do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT) e a redução do prazo de reembolso dos cartões de crédito.
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