Consumo de bens não duráveis segue em expansão na América Latina

Estudo da Kantar aponta que região está em expansão há 10 trimestres consecutivos

Consumo de bens não duráveis segue em expansão na América Latina

Conforme o estudo Consumer Insights 2024, produzido pela divisão Worldpanel da Kantar, a América Latina completou 10 trimestres consecutivos de expansão em consumo de bens não duráveis. O quarto trimestre de 2024 se destacou especialmente por conta da recuperação da Colômbia, que apresentou crescimento de 12% no volume – o maior desde a pandemia de Covid-19. Em termos gerais, houve aumento de 3%.

A tendência de menos visitas às lojas e carrinhos de compras maiores, por sua vez, continua a impulsionar o consumo. O maior exemplo nesse contexto vem da Colômbia, em que a frequência caiu 8% entre 2023 e 2024, mas o número de unidades por viagem aumentou em 14,7%.

A categoria de bebidas tem tido grande contribuição nesse cenário, com aumento no valor gasto de 14% em 2023 para 16% no ano seguinte. Em relação às escolhas de marcas, as opções locais despontam entre os consumidores, tendo Colômbia (+5,9%) e Equador (+5,8%) como principais destaques.

As compras de abastecimento têm se destacado entre os latino-americanos. Entre 2023 e 2024, o modelo apresentou crescimento de 20,3% em valor, superando a média do mercado em 5%. O número de visitas para essas compras maiores foi de 448 milhões, representando US$ 13,8 bilhões em gasto.

“O consumidor está mais focado em missões maiores, mas menos frequentes. Neste tipo de compra, que passou de 25,3 itens em 2023 para 23,2 em 2024, o planejamento e a racionalidade econômica têm mais influência para manter o consumo, mesmo em situações de maior pressão de preço”, afirma Marcela Botana, Market Development Director Latam da Kantar.

Nessas missões, o atacado lidera entre os canais de vendas, contribuindo com 63% das compras, seguido pelos hipermercados com 50%. Em relação às marcas, premium e próprias despontam, com aumento significativo no valor de 30% e 40%, respectivamente, entre 2023 e 2024.

Futuro incerto

Apesar do bom desempenho, as possíveis medidas do novo governo norte-americano podem representar uma ameaça à continuidade do crescimento em 2025. Esse risco é particularmente relevante para os países das Américas Central e do Norte, como o México, que possuem forte dependência do mercado dos Estados Unidos, especialmente no que diz respeito às remessas familiares.

Em 2024, essas remessas totalizaram US$ 64 bilhões para o México, com cerca de 50% do valor destinado ao consumo de bens não duráveis. Medidas para conter a imigração poderiam limitar o fluxo de remessas e, por consequência, impactar o consumo.

Além disso, as tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos podem impactar negativamente o crescimento do PIB e, portanto, o nível de emprego nos países da América Latina mais integrados à economia norte-americana, reduzindo o poder de compra da população e afetando o consumo.

Imagem: Shutterstock

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