O luxo com propósito e responsabilidade social

O luxo com propósito e responsabilidade social

É inspirador ver como algumas marcas, empresas de serviços e influencers do mercado de luxo têm se empenhado em unir a experiência de luxo, produtos sociais e arrecadação de fundos para causas sociais. Essas marcas reconhecem a importância de utilizar sua influência e recursos para fazer a diferença no mundo, ao mesmo tempo em que oferecem aos seus clientes experiências exclusivas, produtos de alta qualidade e um sentimento gratificante para aqueles que querem ajudar de alguma forma.

Provavelmente você, assim como 87%* dos consumidores brasileiros atualmente, prefere comprar produtos ou consumir serviços que tenham impacto socioambiental positivo. Inclusive, estamos vivendo esse momento quando vemos as pessoas priorizando a compra de produtos de fabricantes do Rio Grande do Sul, após a grande tragédia ocorrida.

Seguimos com algumas marcas de luxo que estão fazendo a diferença por meio de suas iniciativas sociais.

A Cartier tem uma longa história de filantropia. A Fundação Cartier, fundada em 1984, apoia projetos de arte contemporânea, cultura e desenvolvimento sustentável. Eles têm colaborado com artistas e designers renomados para criar peças únicas, com uma parte das vendas sendo destinada a diversas causas sociais. A marca lançou a campanha “Cartier Love Day”, na qual uma porcentagem das vendas de determinados produtos é destinada a organizações que trabalham em prol de causas sociais. Além disso, a Cartier organiza eventos e exposições que conscientizam e arrecadam fundos para organizações beneficentes.

A Louis Vuitton tem realizado contribuições significativas para o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Por meio da campanha “Louis Vuitton for UNICEF”, a marca projetou uma pulseira especial com um cadeado de prata (pulseira LockIt), simbolizando a promessa de ajudar crianças vulneráveis em todo o mundo. Uma parte do valor de cada pulseira vendida é doada para a Unicef, apoiando seus esforços para fornecer serviços e proteção essenciais para crianças necessitadas.

A Gucci, está envolvida ativamente em responsabilidade social e sustentabilidade. Sua iniciativa “Gucci Equilibrium” foca na igualdade de gênero, sustentabilidade ambiental e justiça social. A Gucci colabora com várias organizações, incluindo organizações sem fins lucrativos e movimentos populares, para promover mudanças positivas. Eles organizam leilões de caridade, incentivam o voluntariado de funcionários e implementam práticas sustentáveis em toda a cadeia de suprimentos.

Fora do Brasil, existem iniciativas que combinam experiências únicas com doações. Um exemplo específico que é quase um sonho e vale a pena mencionar é uma experiência exclusiva oferecida por uma empresa brasileira local. Eles são especialistas em acessar e proporcionar momentos únicos e exclusivos. Imagine-se no coração da Toscana em uma tarde de clima delicioso, com apenas dez pessoas selecionadas do Brasil, um jantar sentado com a melhor comida e vinho da região, no espetacular “Teatro del Silenzio”, o renomado tenor Andrea Bocelli e sua família recebendo você junto dos convidados de alto nível, que são apenas família, amigos e doadores conhecidos da Andrea Bocelli Foundation.

Após o jantar, você e os outros elegantes convidados seguem para uma área especial reservada para assistir ao show de Bocelli, em comemoração aos 30 anos de carreira e seus mais de 30 convidados, entre eles Ed Sheeran, José Carreras, Plácido Domingo, Lang Lang, Shania Twain, entre outros. “Este ano será mais especial, pois conta com o show de 30 anos de carreira do Andrea e conseguimos acesso via a esposa dele (Bocelli), que se tonou uma amiga”, conta Paulo Reis, parceiro exclusivo da LPE Experiências. Acessos que o dinheiro apenas não pode comprar.

As receitas dessa experiência exclusiva são direcionadas para a Fundação Andrea Bocelli, que apoia projetos educacionais e de inclusão social. Essa iniciativa não apenas proporciona uma experiência inesquecível aos participantes, mas também contribui para fazer um impacto significativo na vida de outras pessoas.

No Brasil, um caso do mercado de luxo que merece ser amplamente citado é o Rosewood São Paulo, que integrado com a filosofia “A Sense of Place” do grupo Rosewood, na qual os elementos de identidade e cultura local devem ser inseridos no design e na atmosfera do hotel, também é um marco de empreendimento sustentável. Desde a sua construção, preservando e recuperando várias áreas históricas, a propriedade utiliza 100% energia renovável, 100% sem plástico de único uso, priorizando embalagens recicláveis, e possui um programa de gerenciamento de resíduos.

Em parceria com a ONG brasileira Sefras, a propriedade contratou refugiados e 20 aprendizes em diferentes departamentos. Além disso, o Art Library, um espaço onde o hóspede pode adquirir obras de artistas locais, tem parte das vendas revertida para ajudar grupos minoritários, como a tribo Pataxó, cujos objetos encontram-se à venda no lobby do hotel.

Essas marcas entendem que sua influência e alcance podem ser aproveitados para criar um impacto social positivo. Ao combinar experiências de luxo, produtos sociais e arrecadação de fundos para causas sociais, elas envolvem seus clientes de maneira significativa. Essas iniciativas não apenas geram apoio e recursos para causas importantes, mas também aumentam a conscientização e inspiram outras pessoas a agir. Isso é um testemunho do poder da colaboração entre marcas de luxo, clientes e organizações beneficentes na criação de uma diferença na sociedade.

Escrevo esse artigo desejando que todas as marcas, principalmente as de luxo, tenham ao menos um produto social ou alguma ação de responsabilidade social. E trata-se de criar produtos ou ações que entregam o impacto vendido ou sinalizado para, assim, combatermos a desconfiança do brasileiro, que se tornou um dos principais entraves na criação de produtos sociais e da cultura de doação.

Mas não se engane. O capitalismo consciente envolve inúmeras responsabilidades. O consumidor deve estar atento às melhores escolhas para destinar a compra, as empresas e marcas devem criar e garantir identidade e idoneidade dos produtos sociais que oferecem e as instituições envolvidas precisam assegurar que esse investimento fomente uma realidade realmente transformadora e engajadora para o consumidor fixar o comprar ou consumir fazendo o bem. A filantropia é e sempre vai ser muito importante na construção de uma sociedade mais justa, menos desigual e que evolui.

* Fonte: pesquisa da Union + Webster realizada em 2019 / Fonte utilizada: Guia Mol de produtos sociais

Sandra Hayashida é fundadora da LPE Experiências.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da MERCADO&CONSUMO.
Imagem: Shutterstock

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