Após um crescimento de 87,5%, registrado entre maio de 2021 e maio de 2023 (de 322 para 604 empresas), o modelo de microfranquias no Brasil se manteve praticamente estável no último ano. Os dados constam de um estudo da Associação Brasileira de Franchising (ABF), que estabelece um valor inicial máximo de investimento de R$ 135 mil para que um negócio seja considerado uma microfranquia.
Em maio deste ano, das 1.376 empresas associadas à ABF, 589 (43%) eram microfranquias, contra 604 no mesmo período de 2023 (44% do total de 1.375). Os números indicam uma leve queda de 2,4% na quantidade de companhias nesse modelo atuando no país.
Por outro lado, entre 2022 e 2023, o setor cresceu pouco mais de 34% no Brasil, passando de 450 para 604 microfranquias. Segundo especialistas da ABF, o atual cenário é resultado da consolidação do segmento, que continua a atrair novos empreendedores, mas em um ritmo mais moderado. A associação destaca ainda que algumas marcas, que inicialmente se enquadravam como microfranquias, estão ultrapassando os limites financeiros desse modelo e passando a operar como franquias tradicionais.
De acordo com Bruno Arena, diretor da Comissão de Microfranquias e Novos Formatos da ABF, o crescimento do setor nos últimos anos foi impulsionado por diversos fatores. O principal atrativo para o investidor, segundo ele, é o fato de adquirir um negócio já estruturado. Além disso, o investimento inicial reduzido torna o formato mais atraente e acessível. “Abrir uma microfranquia é uma forma interessante de entender o franchising, avaliar prós e contras e testar afinidades com diferentes segmentos”, afirma Arena.
Perfil dos empreendedores
Para Arena, outro aspecto a ser destacado é a mudança no perfil dos empreendedores, com o aumento de jovens entre 18 e 25 anos interessados em alternativas ao tradicional caminho corporativo.
Uma pesquisa realizada pela ABF entre janeiro e abril do ano passado mostrou que 21,4% das buscas no site da associação foram feitas por pessoas nessa faixa etária, em comparação com apenas 7,5% em 2019, um aumento de 186%. Além disso, o formato home-based das microfranquias, que permite operar o negócio a partir de casa, ganhou força após a pandemia. “Esse modelo, que representa 26% das microfranquias associadas à ABF, atraiu novos empreendedores e cresceu 13% entre 2021 e 2024”, destaca.
O estudo da ABF também revelou que, em maio deste ano, enquanto 22 microfranquias migraram para o modelo tradicional, seja por mudança estratégica ou aumento de custos (como Açaí no Kilo, Empada Brasil e FastFrame), 26 marcas fizeram o caminho inverso, lançando modelos mais enxutos para alcançar novos mercados. Entre essas marcas estão CVC Brasil, Decor Colors e Instituto dos Óculos, que ajustaram suas operações para atender à demanda por investimentos menores.
Para a vice-presidente da ABF, Adriana Auriemo, esse movimento demonstra outra característica do segmento de microfranquias. “Essa versatilidade abre portas tanto para franqueadores quanto para potenciais franqueados, indicando mais uma vez o caráter de inclusão empreendedora das microfranquias”, afirma.
Como exemplo, ela cita a KNN Idiomas, franquia de escolas de idiomas. No ano passado, a empresa lançou uma nova opção de microfranquia, com investimento inicial a partir de R$ 25 mil e retorno previsto em apenas três meses.
Sem divulgar dados específicos, a KNN informou que a procura pelo modelo menor, direcionado para pequenas cidades do interior e arredores de grandes centros urbanos, teve uma alta de 20% nos primeiros seis meses deste ano em comparação com o último semestre de 2023. “Com uma projeção inicial de faturamento mensal de R$ 8 mil, esse modelo é voltado para municípios com até 10 mil habitantes”, diz o CEO da KNN, Reginaldo Boeira. “Isso proporciona uma oportunidade de investimento lucrativo e retorno rápido.”
Outro exemplo é a Rede iGUi, especializada em piscinas, que desenvolveu, em 2012, a microfranquia Tratabem, voltada para o pós-venda e manutenção de piscinas. Com um investimento inicial a partir de R$ 75 mil, a Tratabem oferece duas modalidades de operação. A mais comum é o container, um quiosque padronizado de 16 metros quadrados, equipado com uma piscina em exposição ao lado da loja. Outra opção para o franqueado é alugar uma sala comercial e adaptar o espaço conforme as diretrizes da franquia.
“Nosso objetivo é chegar a 500 lojas nos próximos três anos”, afirma Leandro Andrade, gerente de expansão da Tratabem/iGUi. Até o final deste ano, a empresa espera atingir a marca de 200 unidades.
Segmentos
A ABF classifica as franquias e microfranquias em 11 segmentos: Serviços e Outros Negócios; Alimentação; Saúde, Beleza e Bem-Estar; Educação; Comunicação, Informática e Eletrônicos; Casa e Construção; Limpeza e Conservação; Moda; Serviços Automotivos; Hotelaria e Turismo; e Entretenimento e Lazer.
Entre as microfranquias, o setor de Serviços e Outros Negócios é dominante, representando 28% das associadas à ABF em 2024. Já os segmentos de Casa e Construção e Alimentação registraram crescimento significativo entre 2022 e 2024 (33% e 18,7%, respectivamente).
Os demais segmentos se mantiveram estáveis ou apresentaram leve queda no período. Atualmente, 32% das microfranquias associadas à ABF já têm mais de 10 anos de operação. “Outro dado é que 80% das marcas têm mais de três anos de operação, o que proporciona mais confiança ao investidor”, afirma Bruno Arena.
Em relação ao modelo de operação, a maior parte das microfranquias trabalha com unidades físicas (67%). O formato home-based responde por 26% das operações, enquanto os quiosques representam 7%.
Com informações de DC News.
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