Festa de São João, Bailinho de Carnaval, eventos com escorregador e piscina de bolinhas, espaço para comemorar aniversários. Tudo isso os shopping centers brasileiros estão oferecendo para membros ilustres das famílias brasileiras: os animais de estimação.
Fazem muito bem. No Brasil, nada menos que 68% dos lares possuem pets, em especial cães (52%) e gatos (26%). Esse percentual deve crescer ainda mais nos próximos anos. Afinal, dentre os que não contam com um animal em casa, 16% pretendem ter um, futuramente.
Os dados são da pesquisa apresentada em setembro, no Latam Retail Show, pela PetFuture, empresa especializada em soluções de negócios e inteligência para o mercado pet e grandes animais (bovinos etc).
Os números da PetFuture estão bem alinhados com os de um estudo divulgado meses atrás pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). Segundo essa pesquisa, 73% dos frequentadores de shopping centers têm pets, sendo que 60% possuem cães e 30%, gatos. Dentre os clientes com renda familiar mensal acima de 15 salários-mínimos (R$ 19.800), o índice dos que possuem animais domésticos sobe para 83%.
Pets fazem parte da família
Para André Ferreira, sócio-diretor da PetFuture, uma das tendências desse setor é a humanização dos pets. “Nada menos do que 43% dos animais domésticos vivem dentro das casas dos seus tutores todo o tempo ou, pelo menos, parte do dia. Apenas 25% ficam em área externa. Considerando que 32% dos entrevistados não possuem pets, esse índice é muito expressivo”, explicou.
Em outras palavras, os animaizinhos são considerados por muita gente como parte da família. E se os shoppings são um programa familiar, precisam incluir também esses filhos peludos, não é mesmo?
Hoje, 91% dos centros comerciais brasileiros são considerados pet friendly, ou seja, aceitam animais em suas dependências, segundo dados da Abrasce. Mas nem sempre foi assim. Durante 33 anos, eles foram proibidos de acompanhar seus tutores em shoppings.
O Pátio Higienópolis, em São Paulo, é considerado o primeiro shopping pet friendly do País. Quando foi inaugurado, em outubro de 1999, causou sensação com seu Dog’s Bar, um bebedouro para cães. De lá para cá, muita coisa mudou. O que não significa que não haja oportunidades a serem aproveitadas.
Pet shops, áreas de recreação e praça de alimentação pet
É crescente o volume de pessoas que levam seus pets para os shoppings. Ao mesmo tempo, o nível de exigência desses clientes não para de aumentar. Por isso, é importante burilar continuamente a experiência.
De acordo com a pesquisa da Abrasce, um terço dos tutores que frequentam shoppings não usa espaços pet (pet parks) porque o seu centro comercial preferido não tem essa área ou porque não sabem se ela existe. Outros 40% não usufruem de praça de alimentação pet pelos mesmos motivos. Dentre os clientes que ganham mais de 15 salários mínimos (R$ 19.800), esse índice sobe para 62%. Expandir e comunicar melhor esses espaços é tarefa urgente.
Tem mais: você acredita que, no final do ano passado, apenas 41% dos shoppings brasileiros contavam com um pet shop no mix? Intensificar eventos para esse público e prover serviços, como oferta de carrinhos de passeio para cães, são outras estratégias que alguns estão explorando para elevar fluxo e recorrência de visitas desse público.
Há ainda espaço para novos operadores, além dos pet shops tradicionais, explorando movimentos importantes do setor.
As tendências do setor pet
Para Ferreira, da PetFuture, as tendências que vão impactar os negócios no segmento incluem a busca por alimentos naturais e saudáveis, foco no bem-estar dos animais, customização de produtos e serviços e uso de novas tecnologias no mercado pet. “Com nossas soluções, estudos e inteligência de mercado ajudamos os clientes no desenvolvimento de novas soluções e produtos para tutores e seus pets”, comenta.
Dentre as iniciativas que os shoppings poderiam adotar, Ferreira destaca a oferta de gastronomia para animais, desenvolvimento de bebedouros inteligentes, lojas autônomas para vender produtos pet, serviços de dog sitter e hotéis para pets.
“Uma das maiores dores dos tutores é deixar seus pets sozinhos. Apesar disso, 95% deles pretendem viajar nos próximos meses. Isso configura uma enorme oportunidade para negócios de hospitalidade para animais”. Para ele, a ideia é aprimorar o atendimento a esse público com opções pet friendly capazes de produzir experiências marcantes, que fidelizam os tutores.
Em resumo, mais shoppings deveriam contar com bons pet shops, além de oferecer hotéis, consultórios, produtos de moda e lojas de alimentação especializadas para pets. Além de lojas autônomas e cafés para tutores nas áreas de recreação dos bichinhos, por que não?
Os shopping centers já consolidaram no País a ideia de que são espaços versáteis e democráticos, voltados para todos os tipos de família. Isso inclui, é claro, seus amados pets.
Luiz Alberto Marinho é sócio-diretor da Gouvêa Malls.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Imagem: Divulgação (ParkJacarepaguá)