O ano de 2023 foi marcado por desafios significativos para o setor varejista e de bens de consumo no Brasil. A pandemia, que impulsionou a digitalização das operações, trouxe à tona a disparidade entre as empresas que conseguiram se adaptar e aquelas que ficaram para trás.
A competição acirrada, especialmente com a presença marcante de empresas chinesas, pressionou os varejistas nacionais, resultando em uma queda acentuada no valor de suas ações devido à concorrência de preços e custos reduzidos dos concorrentes online.
Os desafios enfrentados pelos varejistas em 2023 incluíram:
O setor varejista e de bens de consumo tem utilizado algumas estratégias e ações para tentar mitigar esses desafios. E a necessidade de uma gestão financeira eficiente tornou-se crucial para mitigar riscos excessivos.
Essa metodologia envolve a análise de cada fonte de retorno total aos acionistas e a identificação de ações que podem influenciar positivamente cada fator, apresentadas na figura a seguir:
Um exemplo claro é o impacto de um projeto de e-commerce, que pode afetar várias fontes de alavancagem da rentabilidade, como:
Os resultados dessas fontes de alavancagem são consolidados e estimados através de indicadores financeiros:
Ebitda Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization): Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização, uma medida do desempenho financeiro geral de uma empresa.
Roic (Return on Invested Capital): Retorno sobre o capital investido, que avalia a eficiência de uma empresa na alocação do capital para investimentos rentáveis.
Essas métricas são essenciais para as empresas avaliarem o sucesso de suas estratégias e ajustarem suas operações para um futuro mais lucrativo e sustentável.
Com a conclusão das estimativas financeiras, as empresas varejistas estão adotando a Matriz Kraljic para priorizar suas iniciativas estratégicas. Esta ferramenta analítica permite mapear o potencial de impacto de cada ação em relação à sua complexidade e esforço necessário, facilitando a tomada de decisões informadas e o foco em projetos com maior potencial de retorno.
Através desta abordagem estratégica, as empresas conseguem não apenas priorizar, mas também organizar e avaliar seus projetos com o objetivo de maximizar a rentabilidade. Este método de gestão de projetos é particularmente relevante em um cenário pós-pandêmico, onde a eficiência operacional e a agilidade se tornaram ainda mais críticas.
Apesar dos desafios enfrentados em 2023, as projeções para 2024 indicam um crescimento moderado. As empresas do setor varejista e de bens de consumo que implementarem estratégias ágeis, bem estruturadas e se adaptarem rapidamente às mudanças do mercado estarão mais bem posicionadas para prosperar no competitivo mercado brasileiro.
A capacidade de resposta rápida às tendências emergentes e a implementação eficaz de inovações serão os principais diferenciais para o sucesso no próximo ano.
Marcelo Antoniazzi é CEO da Gouvêa Consulting.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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