O Estado de São Paulo exibiu durante a crise sanitária a pior relação renda/gastos por domicílios do Brasil. Em outras palavras, em São Paulo o nível de superação da renda das famílias pelo custo de vida foi o maior do país. Segundo o estudo nacional Domestic View, recém-lançado pela consultoria Kantar, 67% dos lares brasileiros estão endividados – o número sobe para 69% considerando somente as classes C, D e E.
Feito com base em entrevistas online realizadas em 5.779 lares brasileiros no final de 2020, o estudo revelou dados que ajudam a dimensionar o nível da crise econômica enfrentada pelas famílias brasileiras na pandemia.
Na Grande São Paulo, a renda média mensal ficou 19% menor do que os gastos (R$ 1.444 de renda contra R$ 1.775 de gastos médios mensais por domicílio). No interior de São Paulo a relação foi R$ 1.464 versus R$ 1.807. Foram avaliados sete tipos de despesas, incluindo alimentação, moradia, serviços públicos, higiene pessoal e limpeza.
As mais impactadas
No Brasil como um todo, as classes D e E foram as mais impactadas pelos gastos com habitação, que passaram de uma fatia de 18% da renda média desse perfil econômico de famílias em 2019 para 22% em 2020. Por sua vez, o aluguel de imóveis representou 25% dos gastos de 17% das famílias das classes C, D e E no ano passado.
Ainda segundo o estudo, os lares das classes AB e DE que pagam aluguel diminuíram gastos com alimentação e priorizaram outras cestas de consumo. A classe C foi a única que manteve os gastos com alimentação, mesmo pagando aluguel.
Ainda de acordo com o novo trabalho da Kantar, alimentos, bebidas e itens de higiene e limpeza representaram quase 60% dos gastos nas classes D e E em 2020, enquanto despesas em lazer, habitação e bebidas dentro de casa ficaram concentradas nas classes AB.
Entre os gastos com serviços públicos, o estudo revelou que energia elétrica foi o que mais pesou no bolso do brasileiro durante 2020. As classes mais baixas foram as mais afetadas, chegando a uma variação de 30% em relação a 2019.
A pesquisa também indicou que os lares que receberam auxílio governamental gastaram mais com alimentos básicos, enquanto os que não receberam priorizaram indulgência e frutas, legumes e verduras (FVL).
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