Presidente do Banco Central diz que alertas sobre crédito direcionado não se aplicam ao BNDES

O BC reforçou que o esmorecimento do esforço de reformas estruturais, o aumento do crédito direcionado e incerteza sobre a estabilização da dívida pública

Contas externas têm saldo negativo de US$ 1,7 bilhão em abril

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, explicou nesta quarta-feira, 27, que os alertas da instituição sobre o aumento do crédito direcionado e seus efeitos sobre a potência da política monetária não dizem respeito ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

“Quando falamos de crédito direcionado não estamos falando de BNDES, ele não é tão relevante”, afirmou Campos Neto, em audiência pública na Comissão de Finanças e Tributação (CFT) da Câmara dos Deputados.

Na ata da última reunião do Copom, divulgada na terça-feira, o BC reforçou que o esmorecimento do esforço de reformas estruturais, o aumento do crédito direcionado e incerteza sobre a estabilização da dívida pública podem elevar a taxa de juros neutra. Em junho, o BC informou que a estimativa havia subido de 4,0% para 4,5%.

Antecipação de recebíveis

O Banco Central informou que incorporou as operações de antecipação de recebíveis nas estatísticas de crédito devido à utilização crescente desse modelo em que credenciadores figuram como tomadoras de crédito.

Segundo o BC, o acompanhamento do mercado de crédito e das transações realizadas no âmbito dos arranjos de pagamento evidenciou o rápido crescimento de operações em que credenciadoras e instituições afins buscam a antecipação de recebíveis junto a instituições financeiras. “A utilização crescente desse modelo de negócios, no qual as credenciadoras figuram como tomadoras de crédito, motivou a incorporação dessas transações nas estatísticas de operações concedidas pelo Sistema Financeiro Nacional.”

A antecipação de recebíveis é um tema que está sendo bastante discutido no âmbito do debate sobre o rotativo do cartão de crédito e do parcelado sem juros.

Os bancos apontam que as credenciadoras, especialmente as maquininhas de cartão independentes, não têm interesse em revisar o parcelamento de compras sem taxas porque lucram muito com a cobrança de taxas de lojistas nas operações de antecipação de recebíveis, que é quando o varejista recebe antecipadamente os valores das compras parceladas.

O BC informou que as operações foram incorporadas na modalidade “antecipação de faturas de cartão”, cujas informações foram revisadas desde setembro de 2020.

Conforme os dados de agosto de 2023, divulgados nesta quarta-feira, o saldo de antecipação de faturas de cartão é de R$ 88,317 bilhões. As concessões caíram 4,0% em agosto ante julho.

Com informações de Estadão Conteúdo (Eduardo Rodrigues, Célia Froufe, Thaís Barcellos e Fernanda Trisotto)
Imagem: Shutterstock

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