Nos últimos anos, temos observado uma crescente mudança nos hábitos de consumo, especialmente os relacionados à alimentação. Em busca de mais saúde e bem-estar, os alimentos naturais, pouco processados e livres de conservantes artificiais têm liderado as preferências de muitas pessoas, principalmente as que têm consciência sobre os impactos de algumas dessas substâncias ao organismo.
É crucial que se entenda e se considere, entretanto, que a maneira como lidamos com os produtos naturais, em termos de armazenamento e consumo — tal como fazíamos antigamente, quando as produções eram artesanais, e como ainda ocorre hoje em dia com produtos como pães e laticínios — é um pouco diferente daquela adotada para alimentos com conservantes.
Os conservantes na indústria alimentícia
O uso de conservantes pela indústria de alimentos não é algo novo. Com o aumento das demandas da sociedade moderna e a necessidade da produção em massa, essas substâncias permitem que os alimentos tenham sua vida útil ampliada, oferecendo mais conveniência e praticidade, desde o armazenamento e transporte, até o seu consumo, com qualidade e segurança.
A grande verdade é que a indústria, diferentemente do que alguns podem pensar, não deve ser vista como a grande vilã. Lembremos que, graças às produções em massa, foi possível garantir a alimentação de milhões de pessoas e reduzir exponencialmente as infecções causadas por alimentos contaminados, como no caso da pasteurização, aplicada a alimentos como o leite, e responsável por eliminar as bactérias nocivas.
A questão aqui é a necessidade de equilibrar o uso extensivo de conservantes com a proposta de produtos naturais, acima de tudo, seguros para o consumo. À medida que a ciência avança e a conscientização sobre saúde e bem-estar cresce, a indústria tem repensado suas fórmulas e buscado alternativas, como o uso de conservantes derivados de plantas ou antioxidantes naturais, para balancear praticidade e saudabilidade. É importante reconhecer, sobretudo, que essa é uma transição que exige tempo e investimento por parte dessas companhias, muitas das quais já estão dedicadas a encontrar e apresentar essas novas possibilidades.
A escolha por alimentos naturais
Nesse sentido, ao optar por alimentos naturais, pouco processados ou livres de conservantes artificiais, é preciso levar em conta seu caráter perecível, uma premissa que faz parte do seu ciclo natural e justamente o que garante a sua qualidade, sabor autêntico e a ausência de aditivos que podem ser prejudiciais à saúde. Um pão artesanal ou “de padaria”, por exemplo, deve ser consumido em um ou dois dias no máximo, diferentemente de um pão industrializado, que pode manter suas características de integridade por semanas.
As indústrias que já embarcaram nessa transição para o natural têm se esforçado para atender à demanda por produtos saudáveis, investindo em tecnologias e processos – desde ingredientes até embalagens cada vez mais seguras e inovadoras – que permitam oferecer alimentos com o mínimo de aditivos, sem comprometer a segurança e a qualidade. E observando as últimas tendências, podemos assegurar que este já é o futuro.
Ao passo que evoluímos como indústria e sociedade, a escolha entre produtos naturais e aqueles com conservantes é uma questão que vai além da simples conveniência e deve ser feita de forma consciente. A indústria alimentícia tem o papel de oferecer opções mais saudáveis e reduzir a presença de ingredientes prejudiciais, assim como contribuir para uma educação alimentar sólida, para que os consumidores possam se beneficiar, a longo prazo, de um futuro mais saudável para todos.
Raissa Ninelli é diretora da Fugini Alimentos.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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