A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) anunciou nesta terça-feira, 26, que a ativação da internet móvel de quinta geração (5G) foi liberada em todos os 5,5 mil municípios do País. A medida dependia da limpeza da faixa de 3,5 Ghz, que foi destinado ao tráfego do sinal de 5G, mas que até então era ocupada pelo sinal de TV por antenas parabólicas.
A limpeza da faixa consistiu em migrar o sinal das parabólicas da banda C para a banda KU. Isso exigiu a desocupação de 1,4 mil estações de radiodifusão e a instalação de 5 milhões de kits com filtros nas parabólicas para garantir que a população continuasse tendo acesso à televisão aberta, sem interferência do sinal da internet. O trabalho de limpeza foi concluído 14 meses antes do prazo máximo previsto na regulamentação.
Só depois dessa limpeza, as operadoras podem ligar suas antenas e oferecer o 5G aos clientes. Hoje, o sinal do 5G já está funcionando em 770 cidades, com a cobertura atendendo 35 milhões de usuários. A velocidade média está em cerca de 300 megabits por segundo. A antecipação na liberação do sinal significa, portanto, que as operadoras poderão avançar mais rapidamente na implementação da cobertura.
“Pelas regras do edital, deveríamos ter cerca de 100 cidades cobertas pelo 5G. Nós conseguimos fazer um trabalho célere para limpeza da faixa, e as operadoras viram que o modelo de negocio era interessante, antecipando a ativação do sinal”, afirmou o conselheiro da Anatel, Vinícius Caram, em entrevista coletiva à imprensa.
A limpeza da faixa começou pelas cidades de maior porte e se estendeu pelos municípios do interior do País. Ao longo de todos o processo, o trabalho antecipou as metas de instalação dos filtros nas parabólicas, sendo totalmente concluído neste mês. Na reta final, faltavam 190 cidades na Bahia.
“Hoje, somos a quinta maior população do mundo em termos de celulares em operação com 5G”, ressaltou Caram. “Isso é importante porque não podemos falar de crescimento econômico sem a base das telecomunicações. O 5G veio para catalisar o crescimento”, acrescentou o conselheiro, citando as aplicações de internet em portos, aeroportos, logística, indústria e agronegócios, entre outros.
O trabalho de limpeza foi feito pela Entidade Administradora da Faixa (EAF), criada conforme previsão do edital do 5G, justamente para atuar nessa atividade, em parceria com a Anatel. A atividade contou com um orçamento de R$ 3,5 bilhões.
“Foi um trabalho sem precedentes no mundo”, comentou o presidente da EAF, Leandro Guerra. Entre as dificuldades superadas, foi preciso selecionar equipamentos para filtragem do sinal, importação de fornecedores asiáticos em plena pandemia, bem como o atendimento a milhões de domicílios espalhados pelo País.
Pelas regras em vigor, as operadoras têm até 31 de julho de 2025 para implantar o 5G nos municípios com população igual ou superior a 500 mil habitantes, e até 31 de julho de 2026 para atender as cidades com população igual ou superior a 200 mil habitantes. Um ano depois, precisam estar contemplados os municípios que têm a partir de 100 mil moradores. O cronograma do restante das cidades vai até 2029.
“A liberação da faixa de 3,5 GHz é o primeiro passo necessário para a chegada do 5G”, destacou Marcos Ferrari, presidente da Conexis Brasil Digital, sindicato que reúne as grandes operadoras. Ferrari citou, em nota, que as operadoras já cumpriram 100% das metas de cobertura para 2024 e 70% das fixadas para 2025, antecipando a ativação do sinal.
Ferrari defendeu ainda a importância das cidades atualizarem suas leis de antenas para evitar gargalos na implementação da infraestrutura necessária para ativar o novo sinal de internet.
Com informações de Estadão Conteúdo (Circe Bonatelli).
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