Mais numerosos, democráticos e nacionais – um retrato dos shopping centers no Brasil

Apesar do ano atípico e turbulento, os shopping centers mantiveram seus planos de expansão em 2014. Os 24 novos empreendimentos inaugurados, a maioria de pequeno porte, elevaram para 520 a quantidade de shoppings em operação no país. Para se ter uma ideia do que isso representa, basta dizer que levamos 40 anos, entre 1966 e 2006, para chegarmos a 351 centros comerciais no Brasil. Somente 8 anos depois, esse total cresceu 48%.

A distribuição dos shopping centers continua basicamente concentrada no Sudeste, onde encontram-se 55% deles, e no Sul, localização de outros 17%. Mas o Nordeste já conta com 14% dos empreendimentos nacionais. Outro ponto importante – pela primeira vez na história, há mais shoppings fora das capitais do que dentro delas. A imensa maioria (88%) desses empreendimentos são tradicionais. Mas entre os especializados merecem destaque os outlets, que representavam 6% desse segmento em 2013 e chegaram a 13% um ano depois. Estes são alguns dos dados do Censo Brasileiro de Shopping Centers, divulgados ontem, em São Paulo, pela ABRASCE.

Para quem acredita que existem shoppings demais no país, uma informação importante – pelos cálculos da Associação Brasileira de Shopping Centers, contamos com apenas 5,6 m2 de ABL (Área Bruta Locável) para cada 100 habitantes, menos, por exemplo, do que México (15 m2/100 habitantes) e Colômbia (8,8 m2/100 habitantes). Porém, alguns estados estão acima dessa média, como o Distrito Federal (14,6 m2/100 habitantes), São Paulo (11,4 m2/100 habitantes) e o Rio de Janeiro (9,7 m2/100 habitantes). Por outro lado, em Pernambuco, Minas Gerais, Bahia e 14 outros estados, a média é inferior à nacional, o que indica potencial de construção de novos empreendimentos.

Os números parecem ainda desmentir a tese defendida por alguns, de que os shoppings passariam a priorizar a expansão dos empreendimentos existentes. Em 2013, cerca de 80% dos shopping centers estavam em expansão e outros 53% tinham planos de expandir nos próximos dois anos. Já este ano apenas 18% estão passando por expansões e 32% pretendem ampliar suas instalações. Sinal de que muitos resolveram pisar no freio dos investimentos, talvez em função dos tempos nebulosos que se avizinham. Detalhe importante – nada menos do que 1/3 dos nossos shoppings fazem hoje parte de um complexo multiuso, em especial atrelados a condomínios empresariais (72%), hoteis (36%) e centros médicos/laboratórios (33%).

Do ponto de vista do perfil do consumidor, os shopping centers no Brasil são ambientes cada vez mais democráticos, onde ainda prevalece a classe B, que responde por 41% dos frequentadores, mas que já conta com 39% de clientes das classes C e D. A classe A participa com 20%. Para terminar, vale dizer que, em 2014, as vendas nominais por m2 não foram tão ruins assim – cresceram 10,1%, totalizando pouco mais de R$ 142 bilhões. Em 2015, porém, este crescimento não deve passar de 8,5%. Prova de que até mesmo os templos de consumo devem sofrer neste ano que começa.

Luiz Alberto Marinho (marinho@gsbw.com.br), sócio-diretor da GS&BW.

 

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