O faturamento nominal do e-commerce brasileiro cresceu 225% entre 2019 e 2022. A quantidade de empresas com receitas exclusivamente on-line avançou 79,2% nesse mesmo período, refletindo uma mudança significativa no comportamento do consumidor.
A avaliação é da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) com base nos dados da Pesquisa Anual de Comércio (PAC).
Embora o comércio varejista e o setor automotivo ainda não tenham recuperado totalmente o faturamento e o número de postos de venda pré-pandemia, com reduções de 247 mil e 14 mil lojas, respectivamente, o crescimento do e-commerce e do atacarejo tem sido marcante.
“O comércio sofreu um impacto severo durante a pandemia, mas estamos vendo uma recuperação gradual, especialmente no setor atacadista”, afirma o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros. “A abertura de novas empresas atacadistas, com um crescimento de 177% em relação a 2019, foi fundamental para esse restabelecimento”, acrescenta.
A digitalização e a popularização do atacarejo, modalidade que combina atacado e varejo com preços diferenciados para compras em maior quantidade, resultaram em um aumento de 68% na receita operacional líquida do comércio atacadista entre 2019 e 2022. Pela primeira vez desde 2007, o atacado se tornou a modalidade predominante no comércio brasileiro.
Na comparação com o período anterior à pandemia, 2022 também registrou uma recuperação significativa da empregabilidade no setor. O comércio encerrou o ano com 1,034 milhão de trabalhadores formalmente ocupados, maior patamar desde 2014. A remuneração média mensal no setor alcançou dois salários mínimos, indicando ganhos reais em relação à inflação, já que o salário médio mensal cresceu 246% em 15 anos contra um avanço de 148% da inflação no mesmo período.
Desafios e perspectivas
Apesar dos sinais positivos, o comércio brasileiro ainda enfrenta desafios. A crise econômica de 2015-16 e a pandemia resultaram em uma perda significativa de pontos de venda. Em 2020, havia 112 mil empresas a menos em operação, uma queda de 7% em relação ao ano anterior. Além disso, a desvalorização do real e a alta dos preços dos combustíveis podem impactar as expectativas de crescimento para o próximo ano.
“A digitalização e o crescimento do atacarejo são tendências que vieram para ficar, mas precisamos estar atentos aos desafios macroeconômicos que podem afetar o faturamento do setor”, analisa o economista da CNC responsável pelo estudo, Fabio Bentes.
A recuperação das vendas e o aumento da empregabilidade no setor são sinais encorajadores, mas o comércio brasileiro precisará continuar se adaptando às mudanças estruturais e aos desafios econômicos para manter o ritmo de crescimento observado em 2022.
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