Mercado brasileiro de cannabis tem potencial de R$ 45 bi em dez anos

Para derrubar tabus e mostrar a importância do uso medicinal da cannabis, o LATAM Retail Show trouxe a discussão para o seu primeiro Mega Fórum. Os dados potenciais são expressivos. Segundo estudo da Hiria, caso liberado nos moldes de outros países, o mercado brasileiro de cannabis teria potencial de negócios de R$ 45 bilhões em dez anos para uso nas áreas medicinal, cosméticos, alimentos e bebidas.

O debate contou a presença de André Steiner, CEO da White Cloud Montain Quantum Cannabis Jamaica; Gabriela Cezar, CEO & Principal Partner da Panarea Partners; José Bacellar, presidente da VerdeMed; e Vinícius Vieira, sócio da Hiria. A mediação foi da jornalista Valéria França, autora do blog Cannabis Inc, da Folha de São Paulo.

André Steiner destacou o crescimento exponencial do mercado nos Estados Unidos, em que o uso medicinal e em cosméticos é liberado em 11 estados. “A previsão é que globalmente esse mercado chegue a 200 bilhões de dólares em vendas por ano. Acredito que esse previsão é conservadora, pois, o uso de cannabis também passou a ocorrer em escala em mercados como cosméticos, alimentos e bebidas”, destaca.

O canabidiol (CBD) é utilizado no tratamento de doenças como a epilepsia infantil refratária.  “O cérebro humano tem mais receptores de cannabinoides do que de qualquer outra substância. Existe uma biologia sofisticada a nível molecular que embasa os medicamentos que já foram desenvolvidos e outros a serem criados”, explicou Gabriela Cezar.

Com formação na área científica, ela defendeu uma legislação mais atual para o mercado brasileiro. A empresa que dirige tem um polo de 2700 m² no Uruguai e prevê a construção de 19 mil m² para receber laboratórios. O incentivo fiscal do país sulamericano é um diferencial para atração de empresas. A proximidade com o Brasil poderia fortalecer o mercado nacional em caso de liberação segundo ela.

José Bacellar afirmou que o preconceito é visto como a principal barreira para a liberação do uso no Brasil. Para ele, a estratégia no Brasil deve seguir o caminho adotado nos Estados Unidos, no qual o canabidiol (ou CBD) foi retirado da lista de substâncias proibidas. “Existem efeitos clínicos que precisam ser reconhecidos e valorizados para o tratamento de diversas doenças. Por isso, consideramos necessário valorizar o CBD e sua importância clínica para ganhar argumentos”.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está realizando consultas públicas relacionadas à regulamentação do cultivo controlado de Cannabis sativa para uso medicinal e científico e do registro de medicamentos produzidos com princípios ativos da planta. As propostas foram produzidas a partir de estudos e evidências científicas sobre o benefício terapêutico de medicamentos feitos à base da planta. No Brasil, a importação de medicamentos à base de canabidiol e outros canabinoides para uso pessoal já é permitida pela Anvisa desde 2015.

Desde que a importação de medicamentos de maconha para fins terapêuticos foi liberada no país, há três anos, mais de 78 mil produtos à base da planta foram trazidos do exterior. As substâncias autorizadas são o canabidiol (CBD) e tetraidrocanabinol (THC).

Dados obtidos junto à Anvisa pela Plataforma Brasileira de Política de Drogas (PBPD), uma rede de organizações não-governamentais que discute o tema, mostram ainda que desde 2015, 4.500 pacientes obtiveram a permissão para importar os canabinoides e 800 médicos foram habilitados a prescrevê-los – o Brasil atualmente possui 452 mil profissionais registrados na Federação Nacional dos Médicos.

* Foto: Terassan Fotografia

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