O que leva o consumidor, hoje, a sair de casa para ir a um shopping center? Antes mesmo da chegada da pandemia de Covid-19, estava claro que não era mais apenas fazer compras. Espaços de prestação de serviços, como conserto de roupas, pet shops, clínicas médicas e academias já faziam parte do cenário. Agora, a maior preocupação com a saúde ganha destaque.
Neste ano, o Rio Design Barra, localizado na Barra da Tijuca, na capital fluminense, completa 20 anos. O empreendimento decidiu comemorar o aniversário reforçando o pilar do bem-estar. Entre as novidades, estão a loja de cosméticos Sephora, a drogaria Venâncio e a academia de dança Denise & Vera Casoni.
O shopping já contava com estúdios de ginástica, salões de beleza, lojas de produtos orgânicos e megalojas de cosméticos. Mas o objetivo, agora, é adequar o mix de lojas para atender a um “novo consumidor”, que investe cada vez mais em autocuidado. Hoje, o pilar de bem-estar ocupa mais de 2,6 mil metros quadrados e representa 13% da área bruta locável do shopping, com 22 lojas.
“Colocamos as necessidades e desejos dos consumidores no centro da estratégia. Buscamos nos diferenciar com qualidade e gerar identificação com o estilo de vida dos moradores do bairro”, afirma Evandro Ferrer, CEO da Ancar Ivanhoe, administradora do Rio Design Barra.
Clínica odontológica
O Passo Fundo Shopping, no Rio Grande do Sul, começou a contar, neste mês de setembro, com uma unidade da OrthoDents Clínica Odontológica.
“Somos a primeira unidade da rede dentro de um shopping center, seguindo uma tendência mundial de ter no shopping não apenas entretenimento, mas também prestação de serviços”, destaca Dr. Mauro Lopes, responsável técnico da OrthoDents.
O Tietê Plaza Shopping, em São Paulo, acaba de ganhar uma unidade da Via Laser, rede de clínicas de alta tecnologia para depilação e estética, e com o Santa Mooca Tattoo.
“É um momento importante para o fortalecimento do varejo. Nosso público é bastante variado e exigente”, diz Alexandre Nazzi, superintendente do Tietê Plaza Shopping.
Pandemia acelerou mudanças
Esses são apenas alguns exemplos de inaugurações e posicionamentos recentes de shopping centers pelo País. O movimento não é exatamente novo, mas a pandemia acelerou, e muito, a velocidade das mudanças.
“Os empreendimentos deixaram de ser locais de compras e passaram a locais em que as pessoas vão para ter bons momentos. Nesse sentido, alguns segmentos têm sido importantes. Um deles é o aumento do tripé alimentação, entretenimento e serviço”, analisa Luiz Alberto Marinho, sócio-diretor da consultoria Gouvêa Malls.
Segundo Marinho, nos últimos dez anos, a quantidade de operações de serviço cresceu seis vezes mais do que as de loja nos shoppings. “A sociedade moderna está mais voltada para a solução do que para a compra de produtos. O bem-estar é a junção do prazer com o serviço”, resume.
Qualidade de vida e praticidade
Não por coincidência, centros médicos têm virado âncoras de vários empreendimentos. É o caso, também em São Paulo, da Clínica Einstein, no Parque da Cidade – esse mesmo um shopping desenvolvido sob o conceito de “life center”, que privilegia qualidade de vida e praticidade, incluindo gastronomia, conveniência, entretenimento e serviços.
O mesmo já se via nas várias unidades do CEMA no Eldorado, no Taboão e no Paulista, por exemplo e na megaunidade do laboratório CDB do Golden Square, em São Bernardo do Campo. Isso sem contar os inúmeros serviços de drive thru de teste para a Covid-19 oferecidos na pandemia.
Marinho cita um artigo do Conselho Internacional de Shopping Centers, feito em junho deste ano, que aponta este como um caminho que deve ser seguido pelos estabelecimentos. De acordo com o texto, entre os principais segmentos de bem-estar frequentemente encontrados em shopping centers, estão cuidados pessoais, beleza, alimentação saudável, nutrição e medicina.
“Os consumidores fortemente orientados para o bem-estar compram uma grande variedade de serviços e produtos complementares que sustentam seus estilos de vida”, diz o artigo.
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