120 dias de MI-MI-MI

Estamos completando praticamente 120 dias da posse do novo governo. Um período especialmente dedicado ao inconsequente exercício do MI-MI-MI.

As dificuldades deste início com posturas ideológicas antagônicas ao anterior já pressupunha um período de naturais problemas. O que não se imaginava é que a pequenez intelectual e os desvarios inconsequentes de vários fatores fossem tornar tão mais complexa e difícil a sucessão.

As âncoras institucionais do novo governo estão nas áreas da Economia, Justiça e Infraestrutura, representadas pelos ministros Paulo Guedes, Sergio Moro e Tarcísio Freitas, com suas equipes integradas, preparadas e comprometidas com propostas estruturais e de longo prazo são, porém, ofuscadas pelo MI-MI-MI generalizado da maioria das outras áreas.

Como se não houvessem os mais de 12 milhões de desempregados no aguardo de um sopro de esperança. Como se não houvesse um problema crônico na área da Previdência que faz o país brincar à beira do precipício enquanto não enfrenta a situação de forma decisiva.

Como se indústria, comércio e serviços não estivessem andando de lado no aguardo de fatos concretos para estimular expansão e investimentos que possam contribuir para aumento da massa salarial e geração de novos empregos.

Como se não estivéssemos perdendo posições no ranking global dos países, reduzindo nossa relevância no mundo. De 5ª economia do passado nos tornamos apenas a 8ª em poucos anos.

Como se o mundo fosse esperar que resolvêssemos nossas futricas e maricotices e voltássemos a encarar de forma séria e consistente nossos desafios. Que são cada vez maiores. Mind the Gap!

Como se pudéssemos nos dar ao luxo de vermos consumidores ávidos e com potencial para consumir permanecerem ressabiados e à margem do mercado por falta de confiança no futuro próximo.

Como se pudéssemos protelar ações, decisões e medidas críticas enquanto brincamos nas redes sociais num comportamento infantilóide e fora de propósito.

Como se pudéssemos continuar jogando gasolina para apagar o fogo dos conflitos institucionais mantendo o espírito prevalecente nas eleições mesmo depois de sua conclusão.

Como se tivéssemos todo o tempo do mundo para transformar a educação do país de forma a preparar de fato as novas gerações para o crescimento econômico e social que precisamos.

Como se pudéssemos adiar indefinidamente a solução dos graves problemas que envolvem a saúde.

Como se pudéssemos continuar vivendo no clima de insegurança que nos transforma em reféns em nossas próprias casas e ao voltarmos cada dia devamos dar Graças a Deus por termos voltado sem nenhum incidente mais sério.

Como se pudéssemos continuar assistindo o país perder competitividade no cenário global e vermos as mentes mais brilhantes em busca de oportunidade de trabalho e atividades em outros mercados pois desistiram de tentar por aqui.

Enquanto gastamos tempo, recursos e energia com futricas e querelas que apequenam quem com elas se envolve, o mundo mais desenvolvido e os que querem construir um futuro melhor se concentram em produzir mais, focar no que é essencial, educar, inovar e desenvolver novas competências para um mundo em ampla, profunda e irreversível transformação.

Está na hora, em especial no setor empresarial ético privado, de termos consciência do fosso que se amplia e assumirmos responsabilidade com as mudanças que precisam ser feitas.

Menos MI-MI-MI e mais ação. O futuro não vai nos esperar!

* Imagem reprodução

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