A inflação continua em alta no Brasil, o que, junto com a crise hídrica, impacta negativamente o cenário econômico. No exterior, o avanço da variante Delta da covid-19 nos EUA já tem reflexos em vários setores e, na China, medidas do governo reacendem o risco de endividamento das empresas.
O “Panorama Mercado&Consumo” é produzido pelo time da Gouvêa Analytics, integrante da Gouvêa Ecosystem. Confira, a seguir, os principais pontos de atenção nos próximos dias.
Cenário econômico nacional
Inflação em alta, contração da política monetária e crise hídrica têm impactado negativamente as expectativas do ambiente econômico. Além disso, o nível de emprego continua baixo – o que, com a deterioração da renda real, diminui o poder de reação da economia. O consumo de energia vem subindo a uma taxa de 5,3% na margem, o que deve causar problemas hídricos mais severos.
O IPCA deve atingir 9,3% em 12 meses, com previsão próxima a 7,5% no final do ano. A inflação pode ser explicada por fatores ordinários da recuperação da pandemia: combustível, alimentos e quebras na cadeia produtiva (caminhões, autos e microprocessadores). Há, ainda, algumas explicações específicas: insegurança fiscal, jurídica e política. As perspectivas em torno da campanha eleitoral do ano que vem e a queda de popularidade do presidente reforçam esses riscos.
Mesmo com a piora do cenário econômico, o programa de concessões continua em voga. As concessões da rodovia Dutra no segundo semestre, do Porto de Santos, dos Correios e da Eletrobras são as grandes locomotivas entre final de 2021 e início de 2022. O que pode atrapalhar é o calendário das eleições. Por enquanto, o apetite dos investidores ainda está em alta, mas pode mudar com a insegurança institucional e jurídica.
Cenário econômico internacional
A variante Delta da covid-19 continua assustando EUA e já tem influência na economia. No dia 1º de julho, eram 19.700 casos e 256 óbitos em média móvel, enquanto em 25 de agosto já eram 170.000 casos e 1.165 mortes em média. Turismo, bares e eventos já sentem a influência da nova onda. O Banco Goldman Sachs já revisou aumento do PIB americano para o ano de 6,4% para 6%.
Essa onda de pessimismo bateu no PMI composto daquele país, que foi de 59,9 em julho para 55,4 em agosto. O índice, feito junto a empresários, revela crescimento quando está acima de 50. De qualquer maneira, o ritmo de crescimento já está arrefecendo.
Na China, números piores da economia assustaram o mercado. O governo parece estar disposto a dobrar a aposta e atuou com uma política monetária mais expansionista. Essa reação reacende o risco de superendividamento das empresas.
Medidas do governo de Xi Jinping contra grandes empresas visam melhorar condições da classe média e dos mais pobres e, ao mesmo tempo, garantir manutenção do custo de vida para que as pessoas tenham mais filhos. A ideia é se preparar para os desafios de uma relação menos amistosa com o Ocidente.
O resultado em termos econômicos será a diminuição da produtividade e do ritmo de crescimento e, por consequência, uma limitação no preço das commodities, o que deve impedir o tal “superciclo”.
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