Inflação e estratégias fiscais: o Brasil e os EUA no tabuleiro econômico global de 2024-2025

Para investidores, o Brasil apresenta atratividade, com margens de crescimento e um câmbio favorável, apesar das incertezas domésticas

Inflação e estratégias fiscais: o Brasil e os EUA no tabuleiro econômico global de 2024-2025

Considerando os dados mais recentes, o panorama econômico atual e as implicações estratégicas no Brasil e nos Estados Unidos, as expectativas de inflação para o final de 2024 e 2025 no Brasil reforçam a necessidade de políticas monetárias restritivas, como a manutenção de juros em níveis elevados (atualmente em 11,25% ao ano). Essa estratégia busca conter as pressões inflacionárias, mas seus resultados dependerão também da capacidade do governo de articular um pacote fiscal crível, que reduza os gastos públicos sem comprometer a confiança dos investidores.

O ponto sobre o teto de despesas públicas é crucial. Países que demonstram disciplina fiscal e utilizam políticas de expansão econômica com foco em sustentabilidade tendem a atrair mais investimentos. No Brasil, a utilização eficiente do orçamento público, priorizando iniciativas que “ensinem a pescar”, pode criar ciclos de crescimento mais sólidos.

Por outro lado, o cenário internacional mostra um fortalecimento do dólar, o “efeito Trump”, que intensifica desigualdades cambiais e oferece oportunidades para especuladores nos mercados globais.

Nos EUA, a baixa inflação desde 2021 reforça a resiliência da economia americana, mas o futuro ainda depende das diretrizes concretas do “America First” para 2025. Para investidores, o Brasil apresenta atratividade, com margens de crescimento e um câmbio favorável, apesar das incertezas domésticas.

Setores que podem ser beneficiados

Tecnologia e inovação: Com a crescente digitalização e a adoção de novas tecnologias, empresas do setor, startups e segmentos relacionados devem experimentar crescimento significativo, atendendo à demanda por soluções digitais e inovação.

Energia renovável: O Brasil tem investido substancialmente em fontes de energia limpa, como solar e eólica. Esses investimentos não apenas diversificam a matriz energética, mas também atraem capital estrangeiro e geram empregos.

Infraestrutura: Projetos de infraestrutura, incluindo transporte, logística e construção civil são essenciais para o desenvolvimento econômico. Iniciativas governamentais e parcerias público-privadas podem acelerar o crescimento desse setor.

Setores com desafios

Indústria de transformação: setores intensivos em mão de obra continuam enfrentando desafios devido à escassez de trabalhadores qualificados. Projeções indicam a criação de cerca de 21 mil novos empregos em 2024 no Rio Grande do Sul, após a geração de 41 mil vagas em 2023, o que sugere uma desaceleração no ritmo de crescimento do emprego nesse setor.

Setor de serviços: Pode perder força, impactado pela desaceleração do mercado de trabalho. A sinalização de queda no consumo das famílias pode impactar negativamente esse mercado no balanço de 2024.

Aviação civil: A Gol Linhas Aéreas Inteligentes, uma das principais companhias aéreas do País, enfrentou dificuldades financeiras significativas, incluindo dívidas totais de R$ 40 bilhões e a tentativa de antecipar empréstimos. Esses desafios refletem a situação delicada do segmento no Brasil.

Fabio Ongaro é CEO da Energy Group.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Imagem: Shutterstock

 

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