Confiança do Comércio cai 4,4 pontos e atinge menor patamar desde março de 2021

Queda do mês de janeiro foi disseminada em 5 dos 6 principais segmentos do setor

Comércio

O Índice de Confiança do Comércio (ICOM) do FGV IBRE caiu 4,4 pontos em janeiro para 82,8 pontos, menor patamar desde março de 2021 (72,5 pontos). Na métrica de médias móveis trimestrais, houve queda de 5,1 pontos, terceira queda seguida.

A queda do mês de janeiro foi disseminada em 5 dos 6 principais segmentos do setor. No horizonte temporal, ocorreram resultados distintos. Por um lado, o Índice de Situação Atual (ISA-COM) recuou 8,8 pontos para 79,9 pontos, menor patamar desde fevereiro de 2022 (78,1 pontos). Já pelo lado do Índice de Expectativas (IE-COM) houve ligeira melhora pelo segundo mês consecutivo com variação de 0,4 ponto, para 86,5 pontos.

“Depois de registrar estabilidade no último mês do ano, a confiança do comércio inicia 2023 em queda, acumulando queda de 19 pontos nos últimos quatro meses. Esse resultado negativo foi influenciado pela piora das avaliações sobre o presente, mantendo o padrão que já se observava no final de 2022, sugerindo redução da demanda e consequente desaceleração do setor. As expectativas para esse novo ano não são animadoras, dado que o momento de juros e inflação ainda está em um patamar alto, e consumidores com poder de compra reprimidos não permitem vislumbrar uma recuperação no curto prazo”, avalia Rodolpho Tobler, economista do FGV IBRE.

Evolução dos indicadores que agregam o ICOM

O Índice de Confiança do Comércio vem registrando resultados pouco favoráveis nos últimos meses. Na métrica em médias móveis trimestrais é observado que há uma desaceleração tanto do Índice de situação atual quanto de expectativas.

Porém, nos últimos meses, as quedas têm sido muito mais influenciadas pelos indicadores de presente, cuja tendência de queda vem desde agosto de 2022. Nesse período, o indicador de volume de demanda atual acumulou queda de 20,3 pontos, enquanto o de situação atual dos negócios registrou 19,4 pontos de perdas no período. Apesar do sinal expressivo de desaceleração, os indicadores sobre o futuro, que já vinham em patamar baixo, acumularam perdas de no máximo 3 pontos no período.

Confiança de Serviços 

O Índice de Confiança de Serviços (ICS) do FGV IBRE caiu 2,7 pontos em janeiro, para 89,5 pontos, menor nível desde fevereiro de 2022 (89,2 pontos), registrando quarto mês consecutivo de queda. Em médias móveis trimestrais, o índice também recuou, desta vez, 3,2 pontos, e mantém tendência negativa.

“A confiança de serviços inicia 2023 mantendo tendência de desaceleração iniciada em outubro de 2022. A queda no mês foi influenciada principalmente pelo aumento do pessimismo em relação aos próximos meses, mas também por uma menor satisfação com a situação atual gerada pela perda de fôlego da demanda. O cenário para os próximos meses não parece ser facilmente revertido dado que as questões macroeconômicas envolvidas nessa desaceleração devem permanecer por algum tempo. A cautela dos empresários é percebida em suas projeções para o curto prazo com queda na demanda prevista, contratações e na tendência dos negócios para os próximos seis meses”, avaliou Rodolpho Tobler, economista do FGV IBRE.

O resultado do ICS, neste mês, foi influenciado principalmente pela piora das expectativas para os próximos meses. O Índice de Situação Atual (ISA-CST) cedeu 0,7 ponto, para 93,6 pontos, menor nível desde março de 2022 (90,9 pontos). Contribuiu exclusivamente para esse resultado a piora do indicador situação atual dos negócios, cuja queda foi de 2,0 pontos, para 92,8 pontos, enquanto o indicador de volume de demanda atual acomodou após cair nos últimos três meses com uma variação de 0,5 ponto, para 94,3 pontos.

Já o Índice de Expectativas (IE-S) caiu 4,6 pontos, para 85,5 pontos, menor nível desde março de 2021 (81,3 pontos). Os dois componentes do IE-S também caíram: o indicador de demanda prevista nos próximos três meses recuou 5,6 pontos, para 85,6 pontos, e o indicador de tendência dos negócios nos próximos seis meses recuou 3,7 pontos, para 85,5 pontos, menor patamar desde março de 2021 (84,3 pontos).

Índice de Expectativas e de Situação Atual

Os resultados negativos dos últimos meses sugerem um momento de desaceleração no setor de Serviços, puxados principalmente pela piora nas expectativas, mas também dos indicadores sobre o momento presente. Na métrica de médias móveis trimestrais, o IE-S vinha se mantendo acima do ISA-S desde o início da pandemia, mas nos últimos meses eles se cruzaram e agora o ISA-S que se mantém acima, mesmo que em trajetória negativa também. “Essa piora mais acentuada das expectativas mostra que os empresários não imaginam que esse cenário de desaceleração se reverta rapidamente”, completa Tobler.

Imagem: Shutterstock

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