A Cielo sinalizou com cortes de subsídios, aumento das funcionalidades digitais e maior foco na oferta de produtos financeiros a clientes, tentando mostrar uma reação aos efeitos do coronavírus na economia, mas suas ações caíam nesta quarta-feira após mais uma rodada de resultados trimestrais fracos.
Embora tenha afirmado que a companhia foi menos afetada do que a média do mercado de meios de pagamentos pelos efeitos das medidas de isolamento social em vigor no país desde meados de março, o presidente-executivo da Cielo, Paulo Caffarelli, admitiu não saber ainda mensurar os efeitos e a duração da crise.
“Estamos trabalhando para o varejo funcionar mesmo de portas fechadas”, disse Caffarelli em teleconferência com jornalistas sobre os resultados do primeiro trimestre, “O resultado (financeiro) não é a prioridade agora.”
A companhia afirmou que está sendo mais conservadora na concessão de subsídios a equipamentos vendidos a pequenos varejistas, público que vem tentando conquistar nos últimos trimestres, à medida que tenta reduzir a exposição do resultado a grandes varejistas, hoje em 2/3, que oferecem menor margem.
No entanto, essa estratégia foi atropelada pelos efeitos do coronavírus, uma vez que os pequenos negócios foram justamente os mais afetados pela crise econômica deflagrada pela pandemia.
Segundo a Cielo, cerca de 35% de seus funcionários da área comercial, cujo foco principal é justamente conquistar mais clientes pequenos, estão em férias.
Como contrapartida, a Cielo observou um aumento de 620% dos pedidos de clientes para uso de soluções de pagamento à distância, entre fevereiro e março. A empresa também pretende dobrar a penetração de produtos de prazo com clientes nos próximos trimestres, para cerca de 50% dos clientes.
A empresa ainda afirmou ter posição de caixa de 6 bilhões de reais, mais aplicações de 9 bilhões às quais pode recorrer em caso de necessidade. Isso, além de ter aprovado na véspera mudar a periodicidade do pagamento de remuneração a acionistas, de trimestral para anual.
Essas sinalizações, no entanto, foram pouco para sensibilizar investidores e analistas, após ter divulgado um tombo de 69% no lucro do primeiro trimestre, alongando uma tendência decadente de quase uma década.
Em relatório assinado pelo analista Daniel Federle, o Credit Suisse afirmou que os resultados vieram abaixo das previsões e que “as tendências operacionais não sustentam nenhum otimismo para o curto prazo”.
O CS reduziu o preço-alvo do papel, de 6 para 4,80 reais e só elevou a recomendação, de underperform para neutro porque a cotação do papel já caiu pela metade em 2020.
Com informações da Reuters.
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