O esporte tem o potencial de mudar vidas. Ele pode retirar crianças da miséria e da violência, estimular a educação, proporcionar uma mudança de hábitos com a adoção de um estilo de vida mais saudável e muito mais. Exemplos de instituições que trabalham com o esporte não faltam: Instituto Família Barrichello, Fundação Gol de Letra, ONG Social Skate, Instituto Esporte & Educação, Projeto Grael, Instituto Ayrton Senna, entre muitas outras.
Mas manter um projeto que estimule a prática esportiva para mudança de vida não é fácil. Há muita burocracia envolvida, as empresas fazem apenas doações via leis de incentivo e poucas pessoas físicas dão contribuições. “As entidades precisam aprender a diversificar suas receitas para alcançar maior sustentabilidade a longo prazo. E a sociedade precisa avançar neste espírito e cultura mais altruísta da doação. Aqui não seria somente dinheiro, mas serviços, produtos e outras formas de maior engajamento com a comunidade. Conhecer, se envolver, atuar e acompanhar os resultados”, explica Luiz Fernando Nascimento, gerente executivo do Instituto Compartilhar.
As leis de incentivo são muito importantes e formam grande parte da receita dos institutos e fundações de projetos sociais ligados ao esporte e demais ONGs. Dos membros que fazem parte da Rede Esporte pela Mudança Social (Rems), que agrega 127 organizações que atuam com o esporte pela mudança social, 58% das entidades usam recursos de leis de incentivo. Destes, 69% são federais, 60% estaduais e 29% municipais.
“Deve-se reconhecer a importância das leis de incentivo para a mobilização de diversos atores que não conseguiriam captar recursos significativos para os seus projetos se fosse de forma direta com as empresas. Também não teríamos tantas empresas usando do benefício dos incentivos fiscais para o esporte nas suas três manifestações (competição, educacional e participação). A população acaba sendo a maior beneficiada”, afirma Nascimento.
Por outro lado, elas geram forte dependência, havendo poucas contribuições fora destas leis. O gerente resume: “Não gostaria de ver o setor esportivo, principalmente de projetos socioesportivos que atuam no esporte como fator de desenvolvimento humano, tão dependentes das leis de incentivos fiscais quanto a cultura”.
É preciso aumentar as doações de pessoas físicas, o que não é uma cultura no Brasil e é difícil de abater do Imposto de Renda. Além disso, é necessário “conscientizar as empresas que as doações não podem ser somente via leis de incentivo. As entidades precisam de recursos diretos para menor dependência do Estado, para arcar com custos institucionais e não somente de projetos, para ter mais liberdade para aplicação com uso eficaz dos recursos”, defende Nascimento.
Arrecadar verbas com o poder público também não é fácil. “Normalmente as ações exigem processos bem burocráticos e demorados, além dos riscos eminentes das mudanças políticas repentinas. Para um projeto pontual com um evento, isso não influencia tanto, mas para um projeto continuado tendo como beneficiários crianças, adolescentes e a sociedade, a credibilidade da entrega do que foi prometido é fundamental”, esclarece o gerente.
A fim de manter o grau de confiança, o Instituto Compartilhar não recebe recursos públicos diretos. A instituição tem apenas Acordos de Cooperação Técnica com o setor público, com definição de responsabilidades. Normalmente, o governo disponibiliza espaços de escolas e professores de educação física da rede pública, mas não há repasse de verbas. O instituto coordena os projetos, busca parceiros privados para comprar materiais, realiza eventos, paga funcionários, entre outras ações. “Temos a consciência que para alcançar mudanças e impactos significativos, temos que trabalhar em rede e os governos são fundamentais, pois dão escala”, resume Luiz Fernando.
De acordo com a pesquisa da Rems realizada em 2018, a venda de produtos é responsável por apenas 3,7% das verbas das entidades. A prestação de serviços e verbas não governamentais têm, cada uma, 11,1%. Os recursos governamentais respondem por 24,1%, as doações de pessoas físicas e empresas ficam com 23,6% cada uma.
Diante deste cenário, é possível perceber que as instituições que trabalham com o esporte precisam diversificar suas fontes de recursos. “Algumas estão se esforçando para mudar este cenário. São ações de crowdfunding, leilões, bingos, bazares solidários, jantares beneficentes, etc., porém ainda com impacto pequeno no orçamento total da entidade”, explica Nascimento.
A geração de receitas para as instituições que trabalham com esporte com cunho social será o tema do painel “Esporte social. É possível existir sem as leis de incentivo?”, que contará com a mediação de Luiz Fernando Nascimento, além da participação de um representante do Instituto Ayrton Senna; Sóstenes Brasileiro, da Fundação Gol de Letra e Lais de Jesus Carvalho do Projeto Grael.
A apresentação faz parte do Summit Sportlab, evento que será realizado no Hotel Maksoud Plaza, em São Paulo, e contará com a presença dos principais líderes e executivos do esporte brasileiro para colocar em pauta os novos caminhos para a gestão e governança do esporte brasileiro. O encontro é realizado pela Sportlab, nova empresa do ecossistema do Grupo GS& Gouvêa de Souza, em parceria com a associação SOU DO ESPORTE.
O SUMMIT SPORTLAB e o V PRÊMIO SOU DO ESPORTE contam com o patrocínio do SPORTV, FACEBOOK, IMM ESPORTE E ENTRETENIMENTO, DEMAREST ADVOGADOS e UNIVERSIDADE ESTÁCIO. Tem como apoiadores institucionais o COMITÊ OLÍMPICO DO BRASIL, COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO, NBB, CBV, WSL, UFC, BST, BRAND BOLA, TORCEDORES.COM, ABRAGESP, INSTITUTO AYRTON SENNA, GLOBO, GLOBOESPORTE.COM, INSTITUTO COMPARTILHAR, LIDE ESPORTES, CBB, IBOPE REPUCOM, EY, SPORTS NETWORK, entre outros.
SERVIÇO – SUMMIT SPORTLAB
Data: 5 de dezembro
Horário: 8h às 20h
Local: Hotel Maksoud Plaza – São Paulo, SP
Website: http://esportebrasil.net.br/
Sympla (+ transmissão ao vivo): https://www.sympla.com.br/esporte-brasil-summit-sportlab–v-premio-sou-do-esporte__683193