Varejo alimentar: alta de preços faz consumidor trocar marca de produto

Entre setembro de 2020 e setembro de 2021, a alta acumulada foi, em média, de 14%

Está na hora de olhar o copo meio cheio no varejo

O varejo alimentar vem apresentando crescimento de faturamento nos últimos 12 meses, não porque o consumidor está comprando mais, mas devido ao aumento de preços. Entre setembro de 2020 e setembro de 2021, a alta acumulada foi, em média, de 14%. Este e outros indicadores sobre o comportamento do consumidor brasileiro são revelados pelo “Estudo de trocas de marca como resultado do aumento de preços”, realizado pela plataforma especializada no levantamento de dados Scanntech.

Nas categorias analisadas no estudo, Arroz, Café e Iogurte, que representam suas respectivas cestas, apesar de apresentarem variação positiva em valor, tiveram o crescimento impulsionado pelo aumento de preços, o que revela a redução de consumo pelos brasileiros. Enquanto isso, na movimentação da cesta de Perfumaria, que têm os Desodorantes como sua representação, o estudo aponta retração tanto em valor quanto em unidades.

“Com o estudo entendemos que na maior parte das categorias, além da redução de volume total consumido, o consumidor também está optando por marcas mais baratas para equilibrar as contas”, confirma Andressa Oliveira, executiva de Atendimento ao Varejo e Análises de Mercado da Scanntech.

De acordo com a análise, no acumulado do ano, o Arroz apresenta o maior crescimento, de 39%. No entanto, olhando mais no curto prazo, comparando setembro 2021 contra setembro 2020, o preço do Arroz estagna e explode o preço do Café, com variação de 43,9%. Já o Iogurte apresentou aumento de preço de dois dígitos, ligeiramente abaixo da média de 14%, e Desodorante teve aumento bem abaixo da inflação.

“Entre as quatro categorias analisadas, podemos observar que a tendência de trade down, que é uma tentativa das marcas de atingirem a faixa mais popular do mercado, acompanha a variação de preços: durante os meses de maiores variações de preço é quando observamos maiores crescimentos das marcas mais baratas. No caso do Arroz foi em setembro de 2020 e, do Café, em setembro deste ano. Mas o destaque em trade down ficou na categoria de Desodorantes, em que as marcas mais baratas ganharam 4 pontos porcentuais de participação no acumulado do ano e ao mesmo tempo era a categoria em que o segmento premium tinha maior participação”, afirma Andressa.

Supermercados versus atacarejos

O estudo revela que os Supermercados têm aumento de preços superior aos Atacarejos que, por sua vez, sofrem um menor impacto de queda de vendas também pelo menor repasse de preços.

O aumento de preço do Arroz é 9,1 pontos porcentuais, maior nos Supermercados frente aos atacarejos. Enquanto isso, o Café tem aumento de preços similares nos diferentes canais de varejo, e a categoria de Desodorantes mantém o nível de preços de 2020 no Atacarejo este ano.

“Com maior ajuste de preços na categoria de Arroz nos Supermercados, o segmento perde 4 pontos porcentuais de participação neste canal, contra apenas 2 pontos porcentuais no Atacarejo. Além disso, a categoria de Desodorantes representa o grupo que mais apresenta trade down tanto nos supermercados quanto no Atacarejo”, explica Andressa.

Apesar da perda de relevância em todas as categorias, Andressa explica que as “marcas com valores superiores continuam sendo mais relevantes nos Supermercados quando comparado aos Atacarejos, com exceção do Café, onde as marcas mais caras representam 42% das vendas do canal”.

De acordo com a executiva, o resultado do estudo confirma o cenário atual do País. “Diante do aumento da inflação e diversos outros fatores que evidenciam a mudança no comportamento do consumidor, observamos a redução no consumo de itens nas principais categorias do varejo alimentar, mas ainda assim, a conta continua mais cara no seu bolso.”

Imagens: Shutterstock

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