Por muito tempo, a ideia de tecnologia foi contrária à ideia de pessoas. Era comum ouvir o discurso de que, algum dia, todos seríamos trocados por máquinas. Na verdade, o contrário aconteceu. Vivemos anos de intensa aceleração digital que reforçou a necessidade de foco nos colaboradores. Não, as pessoas não vão ser trocadas por máquinas. As inovações tecnológicas abriram espaço para uma discussão do verdadeiro diferencial competitivo das empresas: o capital humano.
Depois de anos intensos marcados pela pandemia de covid-19, 2023 promete ser o ano de estabilização das tecnologias experimentadas. Durante o período de isolamento social, a digitalização não foi uma escolha. As empresas que não conseguiram adotar uma gestão inovadora e digitalizada foram deixadas para trás. Daqui para frente, a tecnologia continuará sendo um pilar estratégico nas empresas, mas o diferencial estará naquelas organizações que a utilizam a favor da humanização do ambiente de trabalho.
Para começar, a gestão humanizada diz respeito a uma cultura empresarial que prioriza os valores humanos no planejamento de ações. A partir desse conceito, a área de Relações Humanas (RH) deve disponibilizar uma escuta ativa para lidar com os colaboradores de forma empática. Isso melhora o clima organizacional como um todo, o que resulta no aumento da produtividade e na diminuição do turnover. Em outras palavras, a humanização dos funcionários é capaz de acelerar os negócios.
Com isso, resta a dúvida: como usar a tecnologia em prol da humanização? Existem diversos sistemas que o RH pode implementar para atuar na sua relação com os colaboradores.
Um dos maiores benefícios da tecnologia é a facilidade de coleta e armazenamento de dados. Existem diversos softwares, como o People Analytics, que podem guardar informações de pesquisas de satisfação, feedbacks, sugestões de melhoria etc. Uma vez que todos os dados estão em um só lugar, é mais fácil para que a gestão tome decisões estratégicas para melhorar o fluxo da área.
Outro método muito usado é a aplicação de pesquisas comportamentais. A partir de testes de mapeamento de perfil, é possível agrupar os colaboradores que indicam padrões de pensamentos e de ações similares. Os testes são automatizados e apresentam situações rotineiras de uma empresa para identificar quais seriam as atitudes do funcionário frente a um desafio ou problema. Essa estratégia pode ser empregada tanto no recrutamento de talentos quanto no desenvolvimento de um plano de carreira.
Esses são apenas alguns exemplos. Já que existem diversos sistemas de automação que podem ser aplicados de acordo com a necessidade de cada empresa. Um RH tecnológico otimiza seu tempo, conta com uma maior capacidade de análise de dados e consegue tomar decisões mais seguras. Em outras palavras, os trabalhos operacionais ficam destinados às máquinas, enquanto os gestores têm mais tempo para focar nos colaboradores e estruturar ações voltadas ao bem-estar de todos.
Não podemos esquecer que a inovação tecnológica não atinge apenas a gestão, mas também a atuação dos colaboradores. Como já existem tecnologias capazes de suprir as funções mais técnicas, as habilidades comportamentais, também conhecidas como soft skills, são cada vez mais importantes.
Da mesma forma em que o RH se encontra em um processo de humanização, as pessoas também precisam trabalhar nas suas competências humanas para se diferenciar no mercado. Habilidades como inteligência emocional, criatividade, proatividade, flexibilidade, resiliência, entre outras, são muito procuradas ao contratar um novo talento. E essas competências ainda não foram aprendidas pelas máquinas.
Carlos Carvalho é CEO da Truppe!
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