Por Giuliana Grinover*
– Estamos numa etapa em nosso País onde o assunto é política, seja para debater os erros do presente ou para discutir os desafios do futuro. Nas empresas que trabalhamos, esbarramos com política o tempo todo. E muitas vezes, a tal “política” faz com que muitos processos travem, desperdiçando tempo e energia, bastante importantes nos dias atuais.
Quem nunca se pegou pensando: “para o que mesmo fui convocado para essa reunião?”, ou ainda, “qual foi o resultado que alcançamos nessa reunião, nessa discussão?”. As reuniões são extensas, cansativas, muitas vezes sem um alinhamento anterior e aí vem a tal política: interesses diversos, negociações, intenções e agendas paralelas e outros pontos importantes não são colocados em pauta. Resultados: deixamos de tomar decisões importantes, ações não são planejadas e executadas, e nossa produtividade cai.
Muitas vezes, em projetos em grandes empresas, para que algo seja modificado ou reconstruído, passamos por uma série de discussões, que a princípio parecem desnecessárias. Mas são sim, e muito, necessárias e obrigatórias para transformar e chegar num ponto comum e melhor.
Em uma reportagem da Exame, encontrei o seguinte texto:
A empresa não deveria ser um ambiente em que reina a objetividade? Em que os profissionais são avaliados apenas pelo cumprimento de metas? Em que as promoções são definidas com base no mérito e as pessoas são reconhecidas só pela competência? A resposta – goste-se ou não – é bastante simples: não. “Toda aglomeração humana se constrói em cima de laços sociais, que não são apenas racionais”, afirma Renato Janine Ribeiro, professor de ética e filosofia política da Universidade de São Paulo (USP). “É aí que entra em ação a política.” A politicagem é apenas um lado da política, o mais visível e detestável. Mas há também o lado nobre: a capacidade de se relacionar, de negociar, de se expressar bem em situações diversas, de articular grupos em torno de idéias, de persuadir, de intermediar conflitos e de liderar equipes.
Em paralelo, e saindo um pouco do mundo empresarial, como é a gestão de uma cidade? Em entrevista a CBN, a Viviane Mosé descreve a iniciativa da gestão participativa, que juntou diversos interesses e setores diferentes com os mesmos princípios. Certo, o segredo então é encontrar um objetivo comum e juntar pessoas e setores que possuem princípios semelhantes? Tarefa nada fácil, mas não impossível.
E nas nossas famílias, quer mais política? Tratar aquela tia ou tio distante, que você tem que convidar para a festa de seu filhinho, mas que na verdade, nunca nem perguntou se vocês estavam bem? Quem não tem alguém assim na sua família?
Temos que conviver com a política dentro das empresas. Fato.
Temos que encontrar as lideranças e mapear as pessoas de poder. Muitas vezes, o poder pode evitar conflitos.
Temos que desenvolver a nossa capacidade de relacionar-se, mesmo que com nossos opositores.
Traçar pontos de convergência.
Tomar a frente e expor sua opinião é necessário, mas faça-o de forma pensada e estudada.
Política é uma habilidade a ser desenvolvida. E fundamental, para ascensão e crescimento profissional.
E então, se está na moda hoje, faça a sua política agora! Mas lembre-se que sua competência técnica deve ser sólida e vir junto à política.
*Giuliana Grinover (giuliana.grinover@agrconsultores.com.br) é sócia e head da Consultoria GS&AGR