Viagens de negócios e eventos ganham novas formas no pós-pandemia

Executivos de multinacionais contam o que tem ocorrido fora do Brasil e deve ser tendência também aqui

Viagens de negócios e eventos ganham novas formas no pós-pandemia

As viagens de negócios e os eventos corporativos ganham novos contornos mundo afora, à medida que a vacinação contra a Covid-19 avança e a quantidade de contágios e mortes diminui. Em países da Europa e nos Estados Unidos, a retomada ocorre de maneira gradual e as decisões são muito mais planejadas agora, tendências que devem ser observadas aqui no Brasil nos próximos meses.

“Nos Estados Unidos, desde o início da vacinação, em janeiro de 2021, o crescimento das viagens tem sido constante. Os EUA já alcançaram uma ocupação maior do que a de outubro de 2019. Hoje, mais de 75% dos hotéis estão em um patamar de ocupação acima de 60%”, conta Fernando Bacalá, diretor de Vendas no Hilton SP Morumbi, citando dados que englobam não apenas a rede que ele representa, mas também as concorrentes.

Bacalá destaca que boa parte da recuperação norte-americana, assim como da europeia, é baseada sobretudo no mercado doméstico. Nesse sentido, esses países têm um diferencial importante com relação ao Brasil, uma vez que contam com malhas aéreas e viárias bem estabelecidas. “Nos EUA, a partir do momento em que houve carta branca para os negócios voltarem, cidades grandes, como Miami, Nova York e Chicago, viram a demanda dobrar.”

Motivos, objetivos e benefícios

A política das empresas para enviar executivos em viagens de negócios, como não poderia deixar de ser, está mais rigorosa. “A gente precisa estar onde o cliente precisa que a gente esteja. Desde que retomamos as viagens, elas são, na maioria dos casos, para localidades em que o cliente tem uma unidade fabril, uma planta”, explica o Latin America Travel Manager da Accenture, Ronaldo Linares. “O viajante é aquele que tem a ver com uma necessidade específica do cliente, que precisa dar orientações para a implantação de sistemas e de projetos, ou seja, temas que requerem especialistas técnicos ou gerentes operacionais in loco.”

Para ele, a tendência é de que haja, a partir de agora, uma avaliação melhor dos motivos, objetivos e benefícios de se fazer viagens de negócios. “Havia uma certa banalização sobre a necessidade de viajar, especialmente quando se falava na ligação entre as principais cidades. Isso vai ser reavaliado. O mercado não vai acabar, mas haverá uma equalização para que ele seja recolocado no tamanho que deveria ser, para que possa crescer de forma mais sustentável e gradual.”

Linares também acredita que os modelos híbridos de eventos, que unem momentos presenciais e virtuais, vieram para ficar. “Os organizadores de eventos vão ter de usar a criatividade e agregar mais valor, mais experiência, para torná-los interessantes aos participantes, não por causa do conteúdo, mas por causa de tudo o que permeia o evento.”

Atualmente, 90% das viagens de negócios de outra multinacional, a Unilever, são domésticas, afirma o Head Latam Travel Vinicius Luz. Ainda assim, a empresa segue critérios rigorosos para planejá-las. “No caso das viagens internacionais, são necessárias cinco aprovações internas”, conta. Luz também prevê que os eventos corporativos reformatados serão para quantidades menores de pessoas – a maioria vai acompanhar tudo do computador.

Os executivos participaram do webinar “Portas abertas: a realidade por trás da bola de cristal – A hotelaria internacional na retomada”, promovido pelo Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB) em parceria com a plataforma Mercado&Consumo. “A gente estava no piloto automático. Por tudo ou por nada, emitia-se um bilhete para ir para Belo Horizonte ou para o Rio de Janeiro. Hoje, para fazer algumas reuniões, a internet é suficiente. Essa é uma preocupação que o setor tem de ter”, destacou o presidente-executivo do FOHB, Orlando de Souza.

O webinar completo pode ser conferido a seguir.

Trilhas do conhecimento

O webinar fez parte da série “Trilhas de Conhecimento”, que vem sendo realizada em duas etapas: a primeira, seis encontros online no período de abril a setembro, disponibilizados também em formato de podcasts e reportagens. A segunda será o III Fórum Nacional da Hotelaria, no modelo de evento híbrido, em 18 de novembro.

O primeiro webinar, “A oferta cresce, mas e a demanda? Oportunidades e desafios dos hotéis no Brasil”, foi realizado no mês de abril, e contou com a participação do sócio-diretor da HotelInvest, Pedro Cypriano, que apresentou as conclusões da 15ª edição do Panorama da Hotelaria Brasileira, realizado pela HotelInvest em parceria com o Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil (FOHB).

No segundo, “Bleisure, nomadismo virtual e viagens-revanche: você está preparado para o turismo pós-vacina?”, em maio, o foco foi o novo comportamento do viajante de lazer e de negócios. As tendências foram detalhadas por Carol Haro, fundadora e sócia-diretora da Mapie.

O terceiro, cujo tema foi “Superapp e social commerce: quais suas armas contra a guerra tarifária?”, foi realizado em junho. Executivos de Rappi Travel e da P2D falaram das inovações digitais para atrair público e otimizar inúmeros serviços de distribuição de viagens no setor.

Os encontro completos podem ser conferidos no canal do FOHB no YouTube e um resumo dos principais momentos pode ser acompanhado nos canais de podcast da Mercado&Consumo.

Os eventos do FOHB contam com os mantenedores Grupo R1, Elo, CVC Corp, Equipotel, Omnibees e Vega IT, além dos patrocinadores CNC, Novotel Morumbi e RCI e dos apoiadores ABIH, Adibra, BLTA, FBHA, Resorts Brasil, Sindepat e Unedestinos.

Imagem: Envato 

Sair da versão mobile