No mundo dos negócios, ainda me surpreende a evolução das empresas para o digital. A virada de chave para a inovação é parte de uma jornada desafiadora e essencial para a sustentabilidade das empresas em todo o mundo; já é o presente, quem dirá o futuro. O tema me remete a um vídeo que assisti de uma palestra realizada na IFA (International Franchise Association) sobre evolução digital.
Durante essa palestra, executivos renomados, como Mac Srinivasan, Presidente de Mercados Globais da BNI; Sean Fernandes, Diretor da Scion Social, agência global de marketing digital, e Rich Wilson, CEO da Paul Davis, empresa americana que presta serviços de restauração de emergências em residências e estabelecimentos comerciais, trouxeram insights preciosos sobre o assunto. Eles compartilharam suas experiências sobre como as organizações nas quais atuam, através da necessidade – e urgência, passaram por transformações significativas, abraçando a inovação digital.
Tecnologias disruptivas: eficiência, satisfação e lucro
Uma das lições foi a importância de adotar tecnologias disruptivas. Rich Wilson mencionou o uso da tecnologia Matterport para otimizar a estimativa de danos nas propriedades, através da captura de imagens em 360º, sem a necessidade de técnico no local, o que acelerou o processo e aumentou a eficiência.
E a incorporação de inteligência artificial nas operações comerciais foi outra estratégia importante para o sucesso do processo. O uso da IA para aprimorar as estimativas humanas, identificando erros de subavaliação ou superavaliação, mostrou-se eficaz para melhorar a precisão dos relatórios, acrescentou Rich.
E as estratégias renderam bons resultados. A produtividade subiu 100% e a velocidade dos serviços aumentou 75%, gerando 2% de aumento nos lucros, dados que com orgulho, Rich dividiu com os presentes. Isso demonstra como a IA pode complementar o trabalho humano e permitir que as empresas atinjam níveis de produtividade anteriormente inalcançáveis, aumentando a satisfação de clientes e seguradoras, e proporcionando crescimento.
Comunicação e dados para processos ágeis
Interessante também foi ouvir e aprender com o que Mac Srinivasan compartilhou com os espectadores. A pandemia forçou muitas empresas a se adaptarem rapidamente a um ambiente virtual, reconfigurando suas operações. Mas como agilizar esse cenário? O ensinamento que Mac trouxe foi a relevância de observar e aprender com os processos e dados que já tinham em seu BNI, dentro de “casa”, acelerando os caminhos a serem seguidos.
Um ponto importante que Srinivasan explicou foi a relevância da comunicação constante e a colaboração como fatores determinantes para o sucesso da operação, onde equipes atuaram juntas para identificar as melhores ferramentas e estratégias. E isso se deu por incluírem na operação alguns dos empreendedores e master franquias filiados, para o desenvolvimento da própria plataforma de comunicação, a Charlotte, dando continuidade à expansão dos negócios dos membros-empreendedores.
Em um mercado onde quase 90% dos afiliados da BNI dependem do funcionamento do business, não dá para ficar parado, pois a responsabilidade é grande. E foi o que a BNI fez. O que antes acontecia em mais de 8.000 locais presenciais, conectando 250 mil empreendedores em mais de 70 países, mudou para o digital, provando que sim, é possível fazer acontecer. Resultado: aumento de 3 bilhões de dólares no valor que a organização ajudou a gerar em negócios de referência, comparando o modelo de encontros presenciais, em 2019, com o online, em dezembro de 2022, contou Mac. Isso serve como um lembrete de que a inovação não é um evento único, mas uma busca que deve ser contínua.
Olhando para o futuro
Outra questão importante foi a que Sean Fernandes abordou durante a sua fala, destacando as vantagens de olhar para o futuro e antecipar as próximas mudanças. A Scion Social já estava comunicando seus clientes sobre a necessidade da transformação digital. Então, quando a pandemia chegou, essa conversa se inverteu: os clientes procuraram a empresa em busca de soluções. E a agência conseguiu atender, compartilhando algumas práticas já em uso, tanto internamente, como as práticas de alguns clientes mais adiantados no caminho do digital.
Um exemplo foi o case da Microsoft, cliente de Sean na Scion Science, que na época precisava incrementar o online. A solução foi um programa intensivo de treinamento para a área de marketing do Sudeste Asiático, ajudando-os com e-mail marketing, mídia social, sistemas digitais, sites, landing pages e melhorando a capacitação da equipe.
No geral, a mensagem que fica é que a transformação digital não é apenas uma escolha, mas uma necessidade para as empresas que desejam prosperar e se perpetuar em ambientes em constantes transformações. Em meus anos na Bittencourt, tenho percebido evoluções interessantes nas empresas que passam a ser mais ativas quando o quesito é inovação.
Existe a necessidade de investimento financeiro e inteligência humana para seguir nessa jornada, uma vez que a inovação não é apenas uma resposta aos desafios do agora, mas um processo contínuo para a busca da excelência nos negócios e, consequentemente, melhores margens e resultados.
Lyana Bittencourt é CEO do Grupo Bittencourt.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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