Impulsionado pela demanda das famílias, comércio fecha 2021 com crescimento de 5,5%

Comércio faz parte do grupo de serviços, que cresceu 4,7% no ano e foi o principal destaque do PIB

Confiança do comércio sobe e registra maior nível desde setembro de 2020

Apesar da variação negativa de 2% no quarto trimestre, o comércio fechou o ano com crescimento de 5,5%, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Segundo a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, o comércio e outras atividades de serviços (7,6%) foram impulsionadas pela demanda das famílias por esse tipo de serviço. “São atividades relacionadas aos serviços presenciais, parte da economia que foi a mais afetada pela pandemia, mas que voltou a se recuperar, impulsionada pela própria demanda das famílias por esse tipo de serviço”, acrescenta.

O comércio faz parte do grupo de serviços, que cresceu 4,7% no ano e foi o principal destaque do PIB (Produto Interno Bruto) de 2021 junto com a indústria (4,5%). Juntos, esses dois setores juntos representam 90% do PIB do Brasil. Por outro lado, a agropecuária recuou 0,2% no ano passado.

Esse avanço recuperou as perdas de 2020, quando a economia brasileira encolheu 3,9% devido à pandemia. Já o PIB per capita alcançou R$ 40.688 no ano passado, um avanço de 3,9% em relação ao ano anterior (-4,6%).

“Todas as atividades que compõem os serviços cresceram em 2021, com destaque para transporte, armazenagem e correio (11,4%). O transporte de passageiros subiu bastante, principalmente, no fim do ano, com o retorno das pessoas às viagens”, afirma a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis.

A atividade de informação e comunicação (12,3%) também avançou puxada por internet e desenvolvimento de sistemas. “Essa atividade já vinha crescendo antes da pandemia, mas com o isolamento social e todas as mudanças provocadas pela pandemia, esse processo se intensificou, fazendo a atividade crescer ainda mais”, explica Rebeca.

Construção é destaque positivo

Na indústria, o destaque positivo foi o desempenho da construção que, após cair 6,3% em 2020, subiu 9,7% em 2021. Tal expansão foi corroborada pelo aumento da ocupação na atividade.

As indústrias de transformação (4,5%), com maior peso no setor, também cresceram, influenciadas, principalmente, pela alta nas atividades de fabricação de máquinas e equipamentos; metalurgia; fabricação de outros equipamentos de transporte; fabricação de produtos minerais não-metálicos; e indústria automotiva. As indústrias extrativas avançaram 3,0% devido à alta na extração de minério de ferro.

A única atividade que não cresceu foi a de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, que teve variação negativa de 0,1%, o que indica estabilidade. “A crise hídrica afetou negativamente o desempenho da atividade em 2021”, explica Rebeca Palis.

Estiagem e geadas prejudicam a agropecuária

Já a agropecuária, que havia crescido em 2020, recuou 0,2% em 2021, em decorrência da estiagem prolongada e de geadas. “Apesar do crescimento anual da produção de soja (11,0%), culturas importantes da lavoura registraram queda na estimativa de produção e perda de produtividade em 2021, como a cana-de-açúcar (-10,1%), o milho (-15,0%) e o café (-21,1%). O baixo desempenho da pecuária é explicado, principalmente, pela queda nas estimativas de produção dos bovinos e de leite”, detalha Palis.

Acima das expectativas

Para o economista-chefe da Necton, o resultado foi bem acima das estimativas. “Nossa projeção era de queda de 0,1%, mas o indicador veio em 0,5% de alta fazendo a variação acumulada de 2021 crescer 4,6%. A primeira leitura dos dados é benigna, mas ainda não vamos revisar o PIB de 2022, que mantemos com projeção de 0,3%, afinal todo o conflito na Ucrânia deve ainda causar danos difusos na economia”, afirma.

Imagem: Bigstock

 

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