Web Summit Rio 2023: inclusão digital e as novas tecnologias

Ter acesso à tecnologia no Brasil não garante de fato a inclusão digital, principalmente se levarmos em consideração que boa parte da população ainda não se apropriou do uso da internet

Web Summit Rio 2023: inclusão digital e as novas tecnologias

Nesta semana estamos sendo contemplados com um dos maiores eventos mundiais de inovação, tecnologia e empreendedorismo, o Web Summit, pela primeira vez no Brasil e trazendo temas importantes para o cenário digital brasileiro. Como já era previsto, um dos temas que está sendo repercutido no evento é a relação dos dados e o paradigma digital do Brasil, em que ficou claro que ter acesso à tecnologia não garante de fato a inclusão digital, principalmente se levarmos em consideração que boa parte da população ainda não se apropriou do uso da internet.

E aqui quero propor uma reflexão sobre o cenário complexo em que estamos inseridos, como destacado na palestra do Rodrigo Grunes, diretor-executivo de inovação da Vivo, ao evidenciar que 71% da população brasileira têm pelo menos uma rede social – a média global é de 59% – e passa mais de 9h diariamente no celular, onde um terço é navegando em redes sociais. Porém, sobre a inclusão digital, Grunes ressaltou que 40% dos estudantes em escolas públicas não têm acesso a computador ou ferramentas digitais no país, enquanto, nos EUA, há uma taxa de 94% de acesso às ferramentas de inclusão digital. Este contexto nos leva a entender por que existe um paradoxo entre o tamanho da complexidade de cada brasileiro com as informações do cenário digital.

A boa notícia é que, durante a edição deste ano, observei uma crescente evolução no interesse dos brasileiros em eventos de inovação e tecnologia. Mas vale a reflexão sobre o quanto estamos absorvendo de fato essas novas transformações no dia a dia das nossas empresas e instituições. Quando o assunto é inteligência artificial (IA), Cassie Korzyrkov, cientista-chefe de decisões do Google, foi precisa ao discutir o tema e tranquilizar a audiência de que a IA, na verdade, nos cerca há muito tempo, seja nas pesquisas e aplicações, como em canais de streaming, ou nas redes sociais, onde somos usuários de modo passivo das interações de inteligências artificiais de comportamentos e recomendações.

Sendo assim, o que mudou nesses poucos meses em que o assunto tem sido pauta? É que a partir de agora estamos utilizando esta ferramenta de modo direto, ativo e individual, estando disponível e acessível para todos e, por isso, agora o grande desafio é entendermos como essas novas tecnologias podem ajudar a resolver os problemas da nossa sociedade, das corporações e das pessoas, reflexão trazida por Korzyrkov.

Também não posso deixar de comentar a apresentação do Arthur Madrid, CEO da Sandbox, sobre o metaverso, um assunto que deixou de ser destaque nos eventos, mas ainda em amadurecimento no portfólio de algumas empresas, como a do próprio Arthur. Ele destacou que é preciso criar e desenvolver, juntos, o metaverso, ao apresentar o potencial já exercido pela sua marca com os parceiros e famosos que já utilizam a plataforma e interagem com os usuários. Acredito que o metaverso ainda vai ganhar força e voltar a ter grande destaque nos eventos. Talvez falte a participação das novas gerações nos ambientes de discussão sobre o projeto, visto que já nasceram nesse novo mundo digital, de metaverso e jogos como Fortnite, Roblox e Minecraft, por exemplo, que são grande sucesso entre o público.

Por fim, também tivemos debates sobre e-sports, com a grande apresentação da Nicolle “Cherrygumms” Merhy, CEO da Blackdragons, juntamente com o CEO da Loud, Bruno “PH” Bittencourt, falando sobre o contexto e a evolução do Brasil nesse segmento. Os jogos eletrônicos atualmente têm crescido bastante, em 2019, no Web Summit, em Lisboa, o mercado de e-sports já era maior que a soma dos mercados de filmes, música e esportes, com mais de USD$ 138 bilhões.

Nesse cenário de esporte digital, o que fica de aprendizado é que não são apenas times, são empresas organizadas para rentabilizar e gerar lucro. A relação com os fãs e a conexão com a comunidade são questões de gestão de oportunidade, cada jogo tem sua forma de comunicação e estratégia de marketing de acordo com o perfil de público e jogadores, sempre em prol da experiência. Um case de sucesso foi a criação do Player’s Bank, uma parceira da Loud com o Banco Itaú, criado especialmente para o público apaixonado por games. O e-sports é o entretenimento do futuro, provando que tecnologia e esporte têm total sinergia.

Matheus Manssur é superintendente comercial da ClearSale.
Imagem: Shutterstock

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