Selic a 12,75% vai afetar consumo da linha branca, móveis e eletrônicos

Copom elevou a taxa Selic de 11,75% para 12,75% ao ano, a décima alta seguida

Linha branca, móveis e eletrônicos devem ser afetados com aumento da taxa Selic

Com o aumento da taxa Selic de 11,75% para 12,75% ao ano, os consumidores vão sentir ainda mais no bolso na hora de fazer as compras parceladas. Entre os produtos mais procurados para financiamento no varejo são os móveis, artigos de linha branca (geladeira, fogão e máquina de lavar) e eletrônicos (TVs, computadores e celulares), segundo análise dos profissionais do Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central sacramentou, na noite de quarta-feira, 5,  o mais longo ciclo de aperto monetário ininterrupto da história, com 10 aumentos seguidos. A decisão foi tomada horas depois de o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) elevar a taxa básica de juros para o intervalo entre 0,75% e 1% – uma alta de 0,5 ponto porcentual.

“As vendas desses produtos podem ficar mais prejudicadas; os comerciantes também serão impactados pelo enfraquecimento das vendas do varejo. É que esse aumento, além de encarecer o financiamento, também diminui prazos para pagamento e os bancos também passam a conceder menos crédito para os consumidores”, disse Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da ACSP.

Segundo ele, ao tomar elevar a Selic, as autoridades monetárias inibem as despesas de consumo e investimento produtivo, tem o objetivo de evitar o repasse dos aumentos dos custos de produção, em decorrência da Guerra da Ucrânia, para os preços finais.

“O problema é que as incertezas internas e mundiais já estão desacelerando a atividade econômica nacional, dificultando repasses que não sejam indispensáveis à sobrevivência das empresas, o que, em nossa visão, tornaria oportuno o encerramento do atual ciclo de aperto monetário”, apontou Ruiz de Gamboa.

Pressão da inflação

No comunicado, o Copom sinalizou que pode fazer um novo movimento de alta da Selic na próxima reunião, em junho. “Para a próxima reunião, o comitê antevê como provável uma extensão do ciclo com um ajuste de menor magnitude. O comitê nota que a elevada incerteza da atual conjuntura, além do estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos ainda por serem observados, demandam cautela adicional em sua atuação”, disse o BC.

“Há uma porta aberta para um aumento residual da taxa básica de juros em junho, por conta de aumentos que pressionaram a inflação, como foi o caso dos combustíveis”, afirma o economista-chefe da Messem Investimentos, Gustavo Bertotti.

Para a analista de Investimentos da Toro, Paloma Brum, uma descompressão da inflação pode vir de uma reversão parcial nos preços das commodities mundiais e de uma desaceleração da atividade econômica acima do esperado, o que, ao mesmo tempo, demanda cautela na avaliação de riscos por parte dos dirigentes do Banco Central no Brasil.

Imagem: Shutterstock

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