Agora vai?

Depois de um primeiro semestre que alternou alguma euforia com muita frustração, a conjugação de alguns pontos positivos cria a expectativa de que o ano possa ser salvo pelo que ainda pode acontecer na sua segunda metade.

Os três primeiros meses trouxeram a perspectiva de uma retomada no embalo do novo governo e a inspiração gerada pela proposta econômica liberal. Mas o sonho durou pouco.

As dificuldades naturais e mais as criadas pela nova administração não permitiram que a retomada acontecesse e rapidamente migramos da esperança para a frustração que marcou o desempenho do segundo trimestre. Como resultado o país andou de lado ao longo de todo esse período apenas marcado por uma pequena recuperação do emprego, ainda assim em boa parte informal. A massa salarial real também mostrou leve recomposição.

O elemento determinante do comportamento cauteloso dos consumidores, matéria-prima do aumento do consumo e das vendas do varejo, é a confiança da população, que permanece oscilando em baixos patamares na esteira das confusões, críticas, bate-bocas, desmentidos e leviandades que têm marcado, especialmente, o cenário político.

Um conjunto importante de fatores pode ajudar a reverter essa situação.

A redução histórica, ainda que tímida, das taxas de juros, a provável aprovação em segundo turno da Reforma da Previdência nesta próxima semana e a perspectiva de uma injeção de recursos do FGTS e PIS-Pasep que, no período de um ano, poderá alcançar R$ 42 bilhões com 67% desse montante previstos para este ano ainda. Além da continuidade da redução do desemprego.

Esse quadro poderá influenciar decisivamente o humor dos consumidores, contribuindo para mudar sua confiança e viabilizando a esperada retomada. Afinal, estamos estagnados há quatro anos!

Só deveríamos também conter a incontinência verbal coletiva para deixar baixar a fervura e podermos viabilizar um período de melhor desempenho do consumo, do varejo, dos serviços e, consequentemente, da indústria.

Para ajudar a mudar

Para tentar ajudar na capitalização desse potencial novo momento, um movimento importante agregando todos os setores de varejo, consumo e serviços está sendo organizado – todos inspirados por uma iniciativa da Secom.

A proposta é a criação de uma ampla campanha de motivação e consciência nacional ao longo da semana que marca a data da Independência do Brasil.

Essa proposta, nascida no grupo responsável pela comunicação do governo, foi imediatamente abraçada pelas principais entidades empresariais ligadas aos setores com relacionamento direto com os consumidores-cidadãos, especialmente o comércio e o varejo que, num movimento inédito e histórico, decidiram encampar a ideia e assumir sua coordenação, engajando o maior número possível de empresas, entidades, segmentos e canais com amplo apoio da mídia.

Desta forma, entre 6 e 15 de setembro, serão buscadas alternativas, das mais variadas, comunicadas de forma ampla e intensa, para transferir benefícios diretos para a população com o objetivo de estimular um comportamento positivo no período.

E a proposta mais ambiciosa é que isso se torne uma tradição no país, quando a Semana da Independência, rebatizada como Semana do Brasil, se converta numa grande manifestação de consciência nacional estimulando a confiança e o consumo.

O lado mais importante da iniciativa – e que deve ser ressaltado é que -, diferente de outras campanhas pontuais ou mais longevas realizadas no passado, esta não pressupõe estímulos fiscais ou tributários, o que seria inadequado considerando os problemas financeiros que o país atravessa. Ela será apoiada na mobilização do setor empresarial com envolvimento do comércio, varejo, atacado, os setores de serviços de forma ampla e o setor industrial de consumo, numa articulação própria, espontânea, liberal e autossustentável. Como deveria sempre ser.

Pode ser o início de algo que vem sendo adiado faz tempo e que o país, por seus empresários e a população, merece e precisa.

* Imagem reprodução

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