Habemus Futurum

É provocativo usar uma língua morta como o latim para sinalizar um momento presente e profundamente vivo. Especialmente quando a tecnologia e as mudanças disruptivas impactam tudo o que conhecemos. Mas a constatação é universal em qualquer língua ou momento. Temos um futuro diferente do passado recente.

Há um generalizado sentimento de que existe um futuro e ele parece se aproximar rapidamente depois de um período em que tudo parecia conspirar contra.

É também do latim que vem a expressão Malis Mala Succedunt, que poderia ser traduzida por Uma Desgraça Nunca Vem Só, para caracterizar os momentos recentes de nossa história, quando tivemos a tempestade perfeita que combinou diferentes aspectos internos envolvendo economia, retração, desconfiança, desemprego, redução de renda real, corrupção, conflitos políticos entre poderes, taxas de juros, concentração financeira e mais um sem número de fatores para criar o pior cenário possível. Que fez mergulhar o país na sua mais grave e profunda crise em todos seus aspectos nas últimas décadas. Se é que antes disso houve algum momento tão dramático na combinação perniciosa de fatores adversos.

Os últimos meses têm mostrado uma outra combinação positiva de fatores que favorece a generalização da percepção de que um outro futuro nos está reservado depois de tudo o que temos vivido. Voltando ao latim, Labor Improbus Omnia Vincit, que poderia ser traduzido por Com Paciência e Perseverança Tudo Se Alcança.

De fato, temos vivido sinalizações importantes pela conjugação de fatores envolvendo aspectos políticos, econômicos e sociais, apesar de sobressaltos decorrentes do acaso, como o falecimento do ministro Teori Zavascki, que parecem demostrar que não só se desarma a tempestade perfeita como, verdadeiramente, se constróem pontes para o futuro. E o uso da expressão é o reconhecimento de que as propostas anteriormente feitas sob essa bandeira estão se realizando. A despeito das inúmeras e marcantes dificuldades.

O momento pede a lembrança de outra expressão em latim, como Omnia Rerum Vicissitudo Est, possível de ser traduzida por Não Há Mal Que Sempre Dure e Bem Que Nunca Acabe, aspecto que usualmente nos esquecemos quando estamos imersos nos problemas ou vivendo momentos de excitação por conquistas alcançadas. Muitos aspectos parecem conspirar para o fim próximo de um ciclo nefasto na história do Brasil.

Enquanto parte da turba e da imprensa debate as diferenças semânticas e técnicas entre implante capilar ou peruca, ou as dimensões da cela, as características do beliche ou do “boi”, outra parte, felizmente muito maior, discute as perspectivas de novos investimentos internacionais no país, alternativas para redução das escorchantes taxas de juros, caminhos para a aceleração das apurações, defesas, julgamentos e condenações dos indiciados nos casos de corrupção e, principalmente, são negociados os termos das reformas da Previdência, do início da reforma Trabalhista ou mesmo das ideias práticas envolvendo a reforma Tributária.

No contexto de todas essas discussões, vale lembrar outra expressão latina: In Medio Virtus, ou seja, No Meio É Que Está A Virtude. São muitos e diferentes interesses por serem atendidos, cada um deles com suas demandas, justificativas e, acima de tudo, ideais que transcendem à simples discussão política.

Ainda que as motivações para transformações estruturais e radicais sejam plenamente reconhecidas, a sociedade é viva e deve reconhecer essas diferenças e transigir onde for possível, sem perder de vista que a missão maior é a construção de um país moderno, competitivo globalmente e que torne irreversível sua rota para o futuro. Porque ao final, a discussão não é se temos ou não futuro. Mas, principalmente, qual é o futuro que queremos.

E só para fechar vale uma última referência, parafraseando Júlio Cesar às margens do Rubicão, demonstrando que tudo que vivemos pode ser inspirado por muitos anos da História. Allea Iacta Est, ou A Sorte Está Lançada. Cada um deve escolher seu espaço e seu papel neste momento de reconstrução. Conspirar contra ou demonizar os novos tempos ou ajudar a construir um nova realidade. É só uma questão de opção.

PS:. A partir do dia 14 de Fevereiro no Rio de Janeiro e no dia 15 de Fevereiro em São Paulo e estendendo-se por mais 12 cidades brasileiras e na América Latina, concluindo no dia 19 de Abril em Portugal, acontecerá o ciclo de apresentações Pós NRF 2017 da GS&MD – Gouvêa de Souza, oportunidade que todos esses conceitos serão apresentados e debatidos pela equipe da empresa e seus convidados especiais.

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