Liderança em tempos de incertezas – parte 2

A busca dos modelos mais adequados de liderança, em tempos de incertezas e modernidade volátil, desafia todos aqueles que se propõem a atuar em busca de melhores resultados, na amplitude que o conceito permite, foi a proposta que encerrou o artigo anterior (e que você pode rever aqui).

Nesta semana, vamos destacar alguns elementos pragmáticos que devem estar presentes nos requisitos envolvendo a prática da liderança nos tempos atuais.

A primeira delas envolve o desafiador convívio com as novas gerações que – de forma predominante, mas logicamente não universal –, têm uma relação com o trabalho e a atividade profissional muito distinta das gerações anteriores, predominando o comportamento menos envolvido e comprometido com o sucesso na carreira no longo prazo.

As novas gerações pretendem e querem o sucesso e a ascensão rápida com pouco esforço, até porque rejeitam o tempo e a dedicação de seus pais e das gerações anteriores para se desenvolverem no campo profissional. Do lado positivo, esses aspectos os tornam mais empreendedores que as gerações anteriores, ainda que busquem o sucesso no curto prazo.

Tais características motivam o nascimento de inúmeras startups alimentadas pelas tecnologias emergentes. O objetivo maior destes negócios é dar uma “tacada” que permita a sua venda no curto prazo para que possam colocar um bom dinheiro no bolso. Nesse aspecto, tendem a pensar menos no desempenho consistente e lucrativo no longo prazo e focam mais no resultado auferido na venda do negócio no curto prazo, criando um choque cultural relevante.

O segundo elemento desafiador envolve a velocidade das mudanças no ambiente volátil, criando uma instabilidade permanente, pois os fatos se precipitam e as mais fundamentadas análises a partir da projeção da realidade podem ser atropeladas por ocorrências disruptivas que mudam todo o ordenamento imaginado.

Nesse sentido, o Uber, a ativação digital no comércio eletrônico e nas lojas, os algoritmos desenvolvidos que permitem reconhecimento e individualização, só para citar alguns poucos exemplos, estão entre aquelas inovações que subvertem as regras do jogo anteriormente conhecidas e transformam o exercício da liderança em uma atividade muito mais complexa e ainda mais dinâmica.

Outro aspecto envolve a evolução e o protagonismo da atividade financeira comparativamente com a economia real. Especialmente no Brasil. Existe um crescente e desafiador desequilíbrio envolvendo a supremacia de tudo o que gravite em torno dos ativos financeiros em relação aos ativos do chamado mundo real.

A economia financeira baseada na gestão de ativos financeiros, aplicações, novos papéis, modalidades de investimento e financiamento, estratégias de compra e venda de negócios desenvolvidos e exponenciados também pelo avanço da tecnologia nesse campo, cresce de importância comparativamente com estratégias e gestão dos ativos ditos reais, envolvendo agronegócio, indústrias e serviços não-financeiros, gerando real desequilíbrio.

Nesse cenário, o conhecimento do jogo financeiro cria líderes de negócios que são levados a essas posições de liderança, porém, muitas vezes, não estão preparados para jogar o jogo da economia real, onde as relações humanas, as estratégias nas mais diversas áreas de mercado e outras competências são requeridas. Como resultado, acabam falhando quando submetidos às pressões do cotidiano.

A prática do exercício da liderança em tempos de incerteza e cenários voláteis desafia cada um de nós a nos mantermos conectados com as inevitáveis mudanças que ocorrem e ocorrerão ao nosso redor, mas nos desafia ainda mais a discricionar o que é passageiro do que é de mais longo prazo e, principalmente, a reafirmarmos nossa capacidade em agregarmos pessoas em torno de Propósitos e Propostas que as motivem a serem melhores em todas as suas dimensões.

Definitivamente um exercício cada vez mais complexo e desafiador.

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