Contrariando a expectativa de alta de 0,6% a 0,8%, as vendas no varejo registraram queda de 0,1% na passagem de setembro para outubro deste ano. É a terceira queda consecutiva do indicador, que acumula perda de 1,8% no trimestre, segundo dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na comparação com o mesmo mês de 2020, o setor recuou 7,1% e, no acumulado do ano e em 12 meses, o comércio varejista apresenta altas de 2,6%.
“Esse dado mostra que o quarto trimestre começou mal e reforça a perspectiva de desaceleração. A variação no trimestre encerrado em outubro mostra queda de 3,3%, o pior resultado desde março deste ano”, afirma André Perfeito, economista-chefe da Necton.
Perfeito destaca que, com o resultado, o Comitê de Política Econômica (Copom) não deve subir os juros básicos tanto quanto se imagina na reunião de hoje. “Esse resultado reforça a perspectiva de juros mais baixos. Mantemos o cenário de alta da Selic em 150 pontos base hoje e de 11,5% ao final do ciclo”, afirma.
Impacto da inflação
Cinco das oito atividades pesquisadas tiveram queda no volume de vendas entre setembro e outubro: livros, jornais, revistas e papelaria (-1,1%), móveis e eletrodomésticos (-0,5%), combustíveis e lubrificantes (-0,3%), supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,3%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-0,1%).
“A inflação continua exercendo impacto nos indicadores, uma vez que a variação de receita nominal de vendas do varejo é positiva, na passagem de setembro para outubro, em 0,7%”, afirma o IBGE em nota.
Três atividades apresentaram alta: tecidos, vestuário e calçados (0,6%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,4%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (5,6%).
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