Varejo na pandemia: lojas voltam para a área rural da Suécia, mas sem funcionários

A rede Lifvs, com sede em Estocolmo, na Suécia, está fazendo o varejo retornar a áreas rurais que ficaram décadas sem lojas no país. Lançada em 2018, a startup tem como objetivo levar estabelecimentos a locais remotos em que eles, antes, tinham dificuldade de se manter lucrativos.

Desde dezembro, um contêiner de madeira vermelha, do tamanho de uma casa móvel, sedia um minimercado na em Hummelsta, uma cidade de 1.000 habitantes. A loja pode ser acessada 24 horas por dia e oferece uma grande variedade de alimentos, de frutas e vegetais frescos a alimentos básicos e congelados, pães crocantes e barras de wafer. Mas não tem funcionários ou caixas.

O consumidor abre as portas usando o aplicativo da empresa, que funciona em conjunto com o BankID, um serviço de identificação nacional operado por bancos suecos. Em seguida, ele pode digitalizar códigos de barras usando o smartphone e a conta é automaticamente cobrada em um cartão bancário pré-registrado.

“Não tivemos nenhuma loja durante o tempo que estivemos aqui, e conseguir isso agora é perfeito”, disse Emma Lundqvist, que se mudou para Hummelsta com o namorado há três anos, em entrevista à BBC News.. “Você não precisa ir até a cidade para comprar essas pequenas coisas”, acrescenta, apontando para um pacote de bacon.

Cidades urbanas versus rurais

Na Ásia, várias empresas, incluindo ao Alibaba, estão testando lojas sem funcionários em locais mais urbanos. A Amazon também abriu, em cidades dos Estados Unidos e no Reino Unido, supermercados que usam sensores e câmeras para calcular o que o cliente comprou.

Mas o cofundador da Lifvs, Daniel Lundh, viu a oportunidade em locais rurais: “Havia pessoas que tinham de viajar para a cidade mais próxima para pegar seus mantimentos. Então, definitivamente vimos que havia uma necessidade.”

Além de permitir uma operação sem funcionários, a empresa também evita os caros aluguéis de longo prazo. E, se houver menos avanços do que o esperado em um local, os contêineres de madeira podem ser facilmente recolhidos e testados em outro lugar.

Contatos limitados entre pessoas

A Suécia tem uma população experiente em tecnologia, o que em parte explica por que o modelo deu certo.  Além disso, por causa da pandemia de Covid-19 e limitação do contato entre as pessoas, a falta de funcionários foi um bônus importante. A rede abriu 20 novas lojas em bairros rurais desde março do ano passado.

“É muito seguro durante os tempos de corona”, diz Alexander Vidlund, que trabalha para uma empresa de pesca e costuma parar para fazer compras no contêiner. “É uma boa maneira de manter distância das pessoas. E não há o mesmo tipo de aglomeração aqui como nas grandes cidades.”

Desde janeiro, todos os supermercados suecos têm, por lei, de limitar o número de clientes para garantir que haja pelo menos 10 m² disponíveis por pessoa. A tecnologia da Lifvs garante que apenas duas pessoas possam entrar na loja por vez.

“Os clientes gostam de fazer compras em nossa loja porque, por exemplo, eles podem ficar sozinhos. Eles podem vir no meio da noite. E o mais importante é que há menos pontos de contato”, disse Lundh à BBC News.

Imagem: Reprodução/BBC News

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