A Volkswagen anunciou nesta quinta-feira, 11, que decidiu suspender o layoff (suspensão de contratos de trabalho) que estava previsto para começar no dia 1º de junho na fábrica de Taubaté, no interior paulista. A decisão, conforme a montadora, foi motivada por uma “demanda pontual do mercado”.
Em Taubaté, a Volks produz o Polo Track, sucessor do Gol, e passaria a funcionar em apenas um turno a partir do mês que vem, quando cerca de 800 trabalhadores seriam afastados da produção por período de dois a cinco meses em razão das vendas fracas.
Segundo o sindicato dos metalúrgicos da região, o início do layoff foi adiado em um mês, ou seja, para 1º de julho. A entidade reitera a reinvindicação por um programa voltado a carros populares, em discussão no governo, para impulsionar o mercado e evitar que a medida seja tomada.
Redução na produção
Em maio, a Volkswagen anunciou que iria reduzir de dois para um único turno a produção nas fábricas de São José dos Pinhais, no Paraná, e Taubaté, no interior de São Paulo, a partir de 1º de junho. A montadora já tinha parado a produção dessas duas unidades no mês passado, mas foi forçada a realizar novo ajuste em razão das vendas de carros abaixo das expectativas.
Os trabalhadores terão contratos suspensos, o chamado layoff, por dois a cinco meses. Em Taubaté, onde é montado o Polo Track, sucessor do Gol, a medida atinge 799 trabalhadores, conforme informação do sindicato dos metalúrgicos da região. Já na fábrica paranaense, que produz o utilitário esportivo T-Cross, o número de operários que entrarão em layoff ainda não foi fechado. A expectativa do sindicato é de que seja algo ao redor de 600.
Em São Bernardo do Campo, a Volkswagen segue produzindo em dois turnos, sem ajustes anunciados para os próximos meses. Suas linhas no ABC paulista produzem os modelos Polo, Virtus, Nivus e Saveiro. Segundo a Volkswagen, a parada no ABC, estava programada desde o ano passado, como parte da adequação de seus processos produtivos ao fornecimento de peças.
Em um ambiente de juros mais altos e crédito restrito, somados ao endividamento das famílias, desaceleração econômica e elevação nos preços dos automóveis nos últimos anos, o mercado segue ainda muito distante dos volumes de antes da pandemia. As montadoras confiavam em desempenho melhor com a normalização no fornecimento de componentes eletrônicos, já que nos últimos dois anos não conseguiram entregar uma oferta maior porque faltou peça.
Entre ajustes já realizados e que estão para acontecer até o mês que vem, pelo menos metade (14) das 27 fábricas de carros e caminhões ativas no País anunciou a interrupção, em algum momento, de ao menos parte de produção desde fevereiro.
A lista inclui todas as maiores montadoras de caminhões do Brasil, onde as vendas caíram drasticamente com a alta de preços após a atualização tecnológica dos veículos a diesel para atendimento do aperto nos limites de emissões. Ciente de que os veículos ficariam mais caros, as transportadoras anteciparam compras de caminhões até março, último mês em que a linha anterior, de preços mais baixos, pôde ser vendida. O aumento dos juros também é apontado pelas montadoras entre os motivos da queda nas encomendas de caminhões, que dependem dos financiamentos.
Com informações de Estadão Conteúdo
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