Os novos players dos shopping centers

Por Marcos Hirai*

Você já teve a sensação de visitar pela primeira vez um shopping center brasileiro e ter a impressão de já esteve lá antes? Segundo a ABRASCE, nos últimos dez anos, 187 novos centros comerciais foram abertos em todo o País, com cerca de 42 mil lojas adicionais. Fazendo uma análise dos lojistas que investiram em shoppings nos últimos anos, segue um levantamento:

• No caso das lojas âncoras, cerca de 25 redes ocuparam quase 90% destes empreendimentos;

• Nas praças de alimentação, 70% dos espaços são ocupados por grandes redes de fast food que se tornaram onipresentes;

• As redes de cinemas e de diversões eletrônicas são dominadas juntas por 15 empresas;

• Com as lojas satélites, as franquias e as redes de lojas próprias nacionais são ocupadas por 80 redes que representam 50% dos espaços.

Desta forma, estatisticamente falando, 3/5 de um shopping center tende a ter o mix com lojas semelhantes, favorecendo a sensação “Déjà Vu”. Fica claro que a simbiose entre varejo + shopping centers precisa andar junta. No levantamento que fizemos, chegamos ao número de 140 redes que influenciaram fortemente o mix dos shoppings novos e consequentemente se consolidaram.

Mas, desta vez, fatores econômicos, sociológicos, conjunturais e tecnológicos também influenciarão fortemente o mix dos shoppings brasileiros nos próximos anos. Veja porque:

• Economicamente falando, a nossa crise atual já está promovendo uma seleção natural – empresas varejistas financeiramente fragilizadas serão absorvidas, vendidas ou simplesmente sucumbirão. Empresas preparadas e bem geridas certamente sairão fortalecidas e manterão sua presença no varejo;

• Com o atual processo de diminuição do poder de compra dos brasileiros, razões sociológicas ditarão os novos hábitos de consumo e afetarão setores e mercados. Produtos e serviços que remetem a uma lógica do melhor custo X benefício tenderá a ser mais racional e menos emocional;

• Operações de serviços, gastronomia e entretenimento passarão a ocupar cada vez mais espaço, por uma questão de comodidade e praticidade da vida moderna , e a transformação da vocação de um shopping center – antes focado predominantemente em compras, caminhando agora para se tornar cada vez mais num “hub social” agregando principalmente restaurantes e novas opções de entretenimento;

• Por fim, o omniconsumidor, com seus novos hábitos de consumo influenciados pelas novas tecnologias, o e-commerce, os smartphones, tenderão a adquirir produtos além das lojas físicas e certamente alguns formatos de negócios sofrerão forte impacto. Um exemplo são os eletroeletrônicos e produtos comoditizados;

• Importante dizer que novos players com novos conceitos nacionais e internacionais surgem a todo o momento e provocam movimentações no mix: a nova rede de fast casual Mexcla, a loja de preço único Daiso Japan, a entrada do fenômeno Forever 21, as lojas físicas da Natura, os parques temáticos como o Parque da Mônica e Kidzania, restaurantes como Côco Bambu, casual dining como Madero e Johnny Rockets, a nova rede L´Occitane Au Brésil são alguns exemplos recentes.

Nos próximos anos, muitas mudanças deverão modificar profundamente o mix dos shoppings brasileiros. Já está em pleno curso. O consumidor certamente agradece.

*Marcos Hirai (marcos.hirai@bgeh.com.br) é sócio-diretor da BG&H Retail Real Estate

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