Os processos de reestruturação financeira das aéreas no Brasil pode abrir espaço para ganhos de lucratividade. A avaliação é do diretor-geral da Associação Internacional de Transportes Aéreos (Iata, na sigla em inglês), Willie Walsh.
“As reestruturações, incluindo Chapter 11, têm que ser vistas como algo positivo, porque cria oportunidades para as aéreas”, afirma o executivo.
Entre as três companhias que operam no Brasil, apenas a Azul não passou por uma recuperação judicial. Ainda assim, a aérea promoveu recentemente um processo de reestruturação que incluiu renegociação de dívidas e captação adicional de recursos.
O impacto do dólar para as aéreas
A América Latina opera com uma das menores margens do mercado mundial, considerando que, para o ano que vem, é esperado que o indicar atinja 2,4% na região ante 3,6% globalmente. A projeção mais alta é para a América do Norte: 4,2%.
Walsh atribui este cenário, em grande parte, ao fato dos custos serem dolarizados, enquanto as receitas das aéreas são nas moedas locais, mais fracas que o dólar.
“A exposição ao dólar é um dos riscos que, provavelmente, é maior na região da América Latina do que em qualquer outra parte do mundo”, afirma Walsh.
A proposta do governo do Brasil
Em outubro, o governo enviou ao Congresso uma proposta que destina R$ 4 bilhões em recursos do Fundo Nacional de Aviação Civil (Fnac), em socorro financeiro às empresas aéreas. O montante é R$ 2 bilhões menor do que o valor que chegou a ser anunciado pelo Ministério de Portos e Aeroportos. Até o final de setembro, a Pasta dizia que o fundo contaria com R$ 6 bilhões.
A engenharia para atender as companhias de aviação foi aprovada em agosto pelos parlamentares e sancionada em setembro pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. A previsão é de que os empréstimos sejam operacionalizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
No Projeto de Lei do Congresso Nacional (PLN), o governo explica que a abertura não afeta a meta fiscal para 2024, que prevê zerar o déficit primário, uma vez que os R$ 4 bilhões são classificados como suplementação de despesas financeiras. Sendo assim, o montante também não é calculado no limite das despesas primárias.
Com informações de Estadão Conteúdo (Elisa Calmon).
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