A indústria deve propor ao governo federal um programa de incentivo para a compra de eletrodomésticos mais eficientes, ou seja, que consomem menos energia. Nesta quarta, 12, o presidente Lula sugeriu ao ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e vice-presidente Geraldo Alckmin que o governo edite novas regras que barateiem os preços de eletrodomésticos da chamada linha branca.
“A gente já vem conversando com o governo há uns dois meses, três meses, para que possamos ter uma política pública que proporcione o acesso da população a esses produtos mais eficientes”, afirma o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Jorge Nascimento Júnior. Ele concedeu entrevista à Mercado&Consumo durante a 16ª edição da Eletrolar Show, feira de negócios entre a indústria e o varejo de eletroeletrônicos, Internet das Coisas (IoT), celulares, gamers, mobilidade e TI da América Latina.
Segundo o executivo, atualmente a indústria nacional oferta à população brasileira produtos muito mais eficientes no consumo de água e de energia do que há cinco ou dez anos, por exemplo. Só que a população geral ainda não tem acesso a esses produtos.
“O resultado dessa política pública será o incremento na indústria e do varejo. Além disso, todo ano nós temos problemas de crise energética e crise hídrica. Dando esse impulso, a gente vai começar a enfrentar as crises hídricas e energéticas com um eletrodoméstico mais eficiente.”
Entre as vantagens de um eventual programa de incentivo à compra de eletrodomésticos ele cita, ainda, a redução no valor das contas e água e de energia, além do trabalho que pode ser feito com profissionais que atuam com logística reversa para recolher os produtos que serão trocados.
“A gente consegue alcançar, com uma simples medida, quatro pontos fundamentais na linha do que o presidente Lula está trazendo. Nos causou até uma surpresa quando ele falou sobre isso, porque a gente conversou, mas não chegou a apresentar um plano. Mas a nossa ideia foi muito bem recebida pelo governo.”
Uma das possibilidades que a Eletros estudava propor era a inclusão de eletrodomésticos eficientes na entrega das moradias do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Jorge Nascimento Júnior afirma que benefícios semelhantes são concedidos em outras parte do mundo.
“Na Itália, se você comprou uma casa ou reformou e equipou com eletrodoméstico sustentável e eficiente, você pode abater até € 9 mil do Imposto de Renda. No México, se você mobiliou a sua casa com eletrodomésticos eficientes, você tem uma série de benefícios”, conta.
Segundo o presidente da Eletros, diferentemente do que ocorria há alguns anos, os produtos mais eficientes não são, atualmente, mais caros do que os outros. “O consumidor poderia estar comprando um eletrodoméstico eficiente, pagando o mesmo preço. As lavadoras hoje permitem uma redução média de 30% no consumo de água. É muito economia. A gente precisa dar a oportunidade para a população ter acesso a esses produtos. E isso só se faz com política pública.”
Nascimento Júnior diz que a indústria vai construir e levar ao ministro Alckmin uma proposta que beneficie todas as camadas da população, especialmente as classes D e E. Dados da Eletros mostram que, nos últimos cinco anos, esses 28% desses consumidores pararam de comprar eletrodomésticos.
“A ideia não é fazer algo pontual, que vai durar um ou dois meses. A sustentabilidade tem que estar no dia a dia. A gente pensa em políticas que podem ser redução de imposto, linha de financiamento específico, abatimento do Imposto de Renda. Ninguém precisa reinventar a roda. A gente tem exemplos no mundo todo para construir um pacote de sugestões.”
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