Menor desemprego exige novo salto de tecnologia no foodservice

Segundo dados do IBGE, o desemprego no Brasil, no 3º trimestre de 2023, foi de 7,7%. É o índice mais baixo desde janeiro de 2019. Esse cenário torna-se ainda mais positivo considerando o aumento da renda média apurada pela PNAD, também no terceiro trimestre de 2023, que atinge a casa dos R$ 2,9 mil, uma ótima recuperação quando comparada à de 2022. Os dados indicam boas notícias para o mercado de varejo e consumo, porém, potencializam desafios vividos no mercado de foodservice internacional e que devem pressionar o foodservice nacional.

Com mais renda e segurança gerada pelo emprego, mais consumidores devem frequentar os negócios de foodservice. Isso, sem dúvida, é uma grande notícia. O lado desafiador é que, com a redução da taxa de desemprego, existem ainda menos profissionais para o mercado de alimentação e hospitalidade, muito menos ainda se considerarmos profissionais qualificados, especialmente porque outros setores da economia também estarão mais aquecidos.

Menor desemprego exige novo salto de tecnologia no foodservice
Evolução do desemprego, segundo dados do IBGE

Nós prevemos uma grande nova onda de adoção de tecnologias para atender ao consumidor omnichannel, que é cada vez mais exigente. Além disso, o impulsionamento do modelo de operação fast casual pode ser uma ótima aposta, uma vez que combina promessa de marca e produto ao autosserviço parcial ou total.

O ano de 2020 foi marcado por um momento “open mind” dentre os empreendedores do setor. Estavam dispostos a conhecer, testar e aplicar tecnologias. A partir do segundo semestre de 2021, percebemos um arrefecimento desse movimento e, atualmente, são poucos os puristas tecnológicos em operações de casual dining ou no fine dining. Menus no QR Code combinados à versão impressa e o pedido registrado em terminais digitais fixos ou mobile são exemplos do que temos visto.

Evolução da renda média apurada pela PNAD

É fato que os negócios de casual e fine dining oferecem maior valor agregado ao cliente, mas, especialmente pelo tipo de mão de obra requerida, é provável que vivam alta pressão na linha de custos de pessoal no seu DRE. No fine dining, o repasse talvez seja menos sensível para os clientes, mas no casual isso pode se tornar um desafio, gerando um chamado para buscar mais eficiência nas demais linhas do negócio.

As operações independentes, que na maioria se enquadram como fast food (padarias, lanchonetes, cafeterias, sorveterias, etc.) ou fast casual (empanadas, confeitarias, hamburguerias premium, etc.), precisarão redobrar sua atenção ao tema. A maioria oferece o piso salarial e, portanto, terá desafios importantes para contratar profissionais e, principalmente, para retê-los.

Outro ponto importante é que esses negócios atendem a um público extremamente sensível a preço. Assim, a tecnologia deveria ser considerada como a grande plataforma de apoio a esses negócios.

Além do atendimento em salão no qual urgem o self order e o self checkout, é necessário um trabalho forte para otimização dos processos de produção com equipamentos inteligentes, digitalizados e eliminação de etapas de produção como adoção de ingredientes pré-processados vegetais, cárneos ou lácteos, entre outros. Então, comprar costela, cozinhar e desfiar não fará mais sentido. Isso é só um exemplo, dentre tantos outros. Assim, lançar mão do que a indústria de alimentos disponibiliza no mercado faz todo sentido.

Acreditamos que os negócios fast food e fast casual, sejam eles redes independentes, sejam operações individuais ou redes de franquias, necessitarão focar no tema eficiência operacional com afinco.

Desejamos que em 2024 retomemos o contexto “open mind” voltando a abraçar a evolução tecnológica para assegurarmos a continuidade da aceleração e crescimento do foodservice brasileiro.

Cristina Souza é CEO da Gouvêa Foodservice.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
Imagens: Shutterstock

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