Da mesma forma como foi provocativo usar o Latim para discutir temas atuais, como fizemos na semana passada, também é provocativo usar o X em temas que envolvam negócios hoje em dia no Brasil. Pelas mais diversas razões.
Mas no contexto do presente artigo, queremos nos referir a um dos fatores determinantes da prorrogação do dramático quadro recessivo que o Brasil vive no momento, agravando o problema de milhões de famílias afetadas pelo desemprego e perda de renda real.
Vivemos uma situação em que a massa salarial real do país, combinação de renda e emprego, está nos mesmos patamares de meados de 2013 e sem perspectiva de recuperação de curto prazo.
Por conta disso existe um natural freio no consumo, apesar de termos tido uma recuperação significativa no Índice de Confiança dos Consumidores desde que atingiu seu ponto mais baixo na história, em abril do ano passado, no período pré-impeachment.
Em nosso entender, o X da questão é fator determinante da continuidade desse quadro. É o crédito ao consumo que, além de muito caro – consideradas as taxas de juros praticadas – está restrito e contingenciado por conta da falta de competitividade no setor financeiro.
Apesar de termos um nível de inadimplência, medido pelos dados do Banco Central, exatamente dentro de sua faixa histórica de comportamento, a partir de 2005, quando foi criado o crédito consignado, que alterou o padrão histórico anterior, reduzindo esse nível de inadimplência.
De outro lado, o índice de endividamento das famílias vem caindo há pelo menos dois anos, quando medido em relação aos seus rendimentos do ano, especialmente quando se expurga o crédito imobiliário. Vale lembrar que a prestação do compromisso imobiliário substitui despesas com aluguel.
Mas também vem caindo o endividamento total das famílias nos últimos meses em relação aos seus rendimentos, incorporando as dívidas imobiliárias. Isto porque a recessão inibe o consumo que poderia ser estimulado pelo crédito.
Na mesma linha, o comprometimento da renda com o crédito contratado em relação aos rendimentos também vem recuando, sinalizando a disponibilidade de tomar crédito pelos consumidores se houvesse oferta em condições adequadas.
Importante considerar que quando discutimos a redução de endividamento e comprometimento em relação aos rendimentos, temos que lembrar que estamos comparando com rendimentos reais menores, por conta da retração e do desemprego, o que torna a comparação ainda mais relevante.
O X da questão é que não existe interesse, disposição e ação para ampliar o crédito às famílias sem subsídios ou estímulos artificiais como no passado, não porque temos um quadro iminente de risco sistêmico afetando potencialmente o setor, mas porque não temos competição e atração para estimular o consumo via crédito, pois outras alternativas, especialmente outras linhas de financiamento, são menos arriscadas e geram rentabilidade superior ao setor financeiro privado e público.
E com isso, míngua o mercado e prorrogamos a crise e a recessão. Além de agravarmos a questão fiscal pela redução da arrecadação de impostos.
Alguns movimentos ensaiados com a necessária revisão de condições de crédito ao consumo por iniciativa do setor empresarial varejista e o Banco Central precisam ser levadas adiante, pois será a única forma de abreviarmos a recessão que vivemos, retomando o emprego e a melhoria real da renda e da massa salarial e reduzindo o drama de milhões de famílias.
Mas para equacionar esses problemas, mais do que habilidade negocial são necessárias coragem e determinação para reverter o cômodo cenário atual.
Cada vez mais torna-se fundamental essa revisão, pois a prorrogação do atual quadro começa a colocar em risco as próprias instituições. E, os graves problemas vividos em alguns estados brasileiros no momento são apenas mais uma sinalização desse risco potencial.
PS.: A partir desta 3a feira, dia 14 de fevereiro,no Rio de Janeiro, e no dia 15 de fevereiro em, São Paulo, e estendendo-se por mais 12 cidades brasileiras e na América Latina, concluindo no dia 19 de abril, em Portugal, acontecerá o ciclo de apresentações Pós-NRF 2017 da GS&MD – Gouvêa de Souza, oportunidade que esses e outros conceitos serão apresentados e debatidos pela equipe da empresa e seus convidados especiais.
- A partir desta 3a feira, dia 14 de Fevereiro no Rio de Janeiro e no dia 15 de Fevereiro em São Paulo e estendendo-se por mais 12 cidades brasileiras e na América Latina, concluindo no dia 19 de Abril em Portugal, acontecerá o ciclo de apresentações Pós NRF 2017 da GS&MD – Gouvêa de Souza, oportunidade que esses e outros conceitos serão apresentados e debatidos pela equipe da empresa e seus convidados especiais. Acesse o site AQUI
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