Trabalho com educação há anos e conheço bem os anseios do aprendizado, as lacunas deixadas pelo ensino básico e a negligência pela qual o assunto é tratado por diferentes setores da sociedade. Ao longo da minha carreira como professor, tive a oportunidade de treinar a sensibilidade de enxergar potenciais, aqueles invisíveis aos olhos apressados e julgadores, que, muitas vezes, perdem a chance de conhecer um grande talento. Eu mesmo já perdi.
Quando observamos o mundo corporativo atual, entendemos que a situação é pouca coisa diferente. Basta olhar para os altos índices de turnover das empresas, em especial, as varejistas. Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em março deste ano, o comércio contratou 496 mil pessoas e demitiu 477 mil. Quantos talentos no meio disso poderiam ter sido desenvolvidos?
No mês passado, eu visitei algumas lojas de uma importante marca parceira, que entendeu a necessidade de desenvolver seus colaboradores. Durante essas visitas, conversar com equipes de venda foi fundamental para entender seus principais problemas, aqueles do dia a dia, que fazem com que o colaborador perca a fé em seu próprio trabalho e na empresa.
Uma frase que me marcou muito foi “nós vendemos aqui o produto mais caro e não recebemos nem um parabéns por isso”. Um parabéns. Apenas isso. E toda a frustração de uma equipe estaria resolvida. Se a solução é simples, por que não chegamos até ela?
Trabalhar no varejo não é fácil. Liderar uma equipe de varejo não é simples. E comandar uma empresa varejista não é tranquilo. Os desafios são muitos, em todos os níveis, mas existe saída: a escuta ativa e o desenvolvimento dos colaboradores.
Meu convite é que você, varejista, pare e pense em pessoas, que são o fator fundamental para manter sua empresa em pé. Afinal, o seu negócio começa e termina em pessoas.
Rodrigo Maia dos Santos é CEO da Gonow1.
*Este texto reproduz a opinião do autor e não reflete necessariamente o posicionamento da Mercado&Consumo.
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