A J&F formalizou uma proposta de compra para a fatia da Novonor (ex-Odebrecht) no capital da Braskem. A holding da família Batista, dona da gigante de proteína animal JBS, se propôs a pagar R$ 10 bilhões à vista pela totalidade das ações da petroquímica em poder da Novonor – que é dona de 50,1% das ações com direito a voto e 38% do capital total.
A oferta da J&F foi apresentada aos bancos credores da Novonor na noite de terça-feira, 11. Até então, a holding vinha apenas conversando com os bancos – Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil e BNDES -, que receberam ações da Braskem como garantia de empréstimos concedidos à Novonor. Com a oferta, a J&F se juntou à também brasileira Unipar e ao fundo americano Apollo na disputa pelo controle da Braskem.
Até agora, a Unipar vinha se posicionando à frente nas negociações, com uma proposta também de R$ 10 bilhões pelo controle da Braskem, mas deixando 4% nas mãos da família Odebrecht.
A Unipar se propôs ainda a adquirir os papéis em poder de acionistas minoritários no mercado. A empresa continua no páreo, conversando com os bancos. No início deste mês, a companhia conseguiu autorização da Novonor para acessar informações mais detalhadas e fazer uma avaliação das operações da Braskem.
Vantagem
Dona de 47% das ações ordinárias (com direito a voto) e de 36,1% do capital total da Braskem, a Petrobras anunciou na segunda-feira, 10, que também está interessada em analisar os números da petroquímica. Pelo acordo de acionistas da Braskem, a estatal tem o direito de preferência para comprar toda a companhia pelo preço ofertado por qualquer interessado.
A Braskem tem ainda na mesa uma proposta do fundo americano Apollo, em parceria com a petroleira árabe Adnoc. Diferentemente de Unipar e J&F, os grupos estrangeiros têm interesse em adquirir toda a Braskem, inclusive as ações da Petrobras. Essas negociações, porém, não progrediram.
Balanço
Entre analistas de mercado, o comentário ontem era de que os bancos credores avaliam positivamente que a J&F seja a compradora da Braskem, em razão do perfil comercial do grupo, uma empresa global e um dos maiores do mundo no setor de alimentos.
Já há algum tempo, a J&F tem preferido captar a maior parte dos recursos para financiar seus negócios no mercado internacional. Para os bancos, é interessante manter um grupo de tal porte em suas carteiras de grandes clientes.
Ao mesmo tempo, a venda da Braskem para a J&F seria uma forma de os bancos expurgarem definitivamente a exposição à Novonor de seus balanços, sem ficar expostos a novos financiamentos.
Além disso, tanto a proposta da Unipar como a da Apollo em parceria com a Adnoc preveem a tomada de recursos com os bancos credores para quitarem a aquisição das ações de Braskem.
Procuradas, a J&F e a Novonor não quiseram se pronunciar sobre o assunto.
JBS quer ter ações também na Bolsa de Nova York
A JBS, uma das maiores empresas de alimentos do mundo, quer listar suas ações nos Estados Unidos, um mercado que dá mais visibilidade a investidores internacionais e onde os papéis dos seus concorrentes são negociados a valores muito maiores.
O plano, que será proposto os acionistas, é fazer uma dupla listagem, com ações na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse) e na B3, em São Paulo. A expectativa é de que até dezembro a JBS lance suas ações em Nova York.
“É um passo que amplia a capacidade de financiamento e pode acelerar movimentos estratégicos da JBS”, diz o presidente global da empresa, Gilberto Tomazoni.
Com informações de Estadão Conteúdo (Cynthia Decloedt e Altamiro Silva Junior).
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