China: a combinação diferenciada de dedicação, senso de urgência e ambição

No início de setembro de 2014 faltavam apenas duas semanas para aquele que seria o maior IPO da história do varejo e da economia norte-americana. E num dos principais eventos privados do setor, o Fórum Global de Varejo, da Goldman Sachs, em Nova Iorque, absolutamente nenhuma menção foi feita ao Alibaba que duas semanas depois levantou US$ 21,8 bilhões, atingindo US$ 68 bilhões a ação e com isso teve seu valuation parametrado em US$ 168 bilhões. Hoje o valor da empresa se aproxima de US$ 490 bilhões.

Como tem acontecido nos últimos 23 anos o Fórum da Goldman Sachs é um ponto de encontro importante de investidores globais reunindo os principais operadores nacionais norte-americanos e internacionais, como usualmente acontece, para discutir presente e futuro do varejo com a lógica dos que têm seu negócio centrado no mercado financeiro: o que potencializa retornos no curto e médio prazo.

E apesar disso, nada, absolutamente nada, foi comentado sobre o ecossistema chinês, inicialmente de comércio eletrônico, e que em apenas vinte e poucos anos se transformou numa corporação global com seus negócios ampliados de forma tentacular. E que tem como meta chegar em 2020 a vendas de US$ 1 trilhão, como nos foi exposto por Jet Jing, vice-presidente do ecossistema na semana passada, em Hangzhou, sede da empresa na China.

Mas os planos do Alibaba não são muito diferentes dos de diversos ecossistemas de negócios que nasceram nos últimos vinte anos e que têm em comum entre si a integração virtuosa de dedicação, senso de urgência e ambição para converterem oportunidades em novos negócios desenvolvidos de forma convergente e integrados no que é possível integrar e independentes onde velocidade e foco sejam fundamentais.

Todos eles aportando um ativo intangível crítico para transformação radical dos negócios representado pelo conhecimento, relacionamento e acesso direto aos consumidores atuais e futuros para potencialização dos negócios.

Depois das Plataformas Exponenciais nascidas nos Estados Unidos, como Amazon, Google e outras, os Ecossistemas de Negócios têm a seu favor, como modelo de gestão, a maior flexibilidade, agilidade e autonomia para andarem mais rápido e buscarem conversão de novas oportunidades que se desenvolvam “greenfield” ou pela aquisição e incorporação de novos negócios.

Como aconteceu com o Hema, rede supermercados adquirida por Alibaba que acelerou sua expansão e a colocou como uma das principais redes do país, onde as vendas delivery significam mais de 50% das vendas totais das lojas.

Aproximadamente o mesmo percentual representado na 7 Fresh, rede desenvolvida pela JD e que também vive expansão acelerada.

Mas os exemplos poderiam ser ampliados com DJI, Didi, Tencent, Xiaomi, Huawei e vários outros, onde predomina esse trinômio de dedicação, senso de urgência e ambição que precipita a profunda transformação do mercado chinês e sinaliza o cenário futuro para todo o mundo.

As condições particulares e especiais envolvendo a China que incluem a população, tamanho do mercado interno, sistema político, estrutura de poder, urbanização, acesso e custo de capital, penetração da telefonia móvel e das vendas por internet, além de muitos outros fatores não possam ser encontrados, conjugados, em outros mercados, muito do que acontece por lá significa uma antevisão do mercado futuro e deveria ser fonte de inspiração para nos anteciparmos em nossa própria transformação.

NOTA: Durante o LATAM Retail Show, em agosto de 2019, no Center Norte, em São Paulo especial ênfase será dada às transformações que ocorrem na China e que irão impactar o mercado global incluindo rodadas de negócios envolvendo empresas de consumo, fornecedores  e varejistas chineses.

* Imagem reprodução

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